Economia

Em 20 anos, marca Batavo passou de mão em mão

Em 20 anos, marca Batavo passou de mão em mão Em 20 anos, marca Batavo passou de mão em mão Em 20 anos, marca Batavo passou de mão em mão Em 20 anos, marca Batavo passou de mão em mão

Carambeí – Depois de passar 70 anos sob a administração da cooperativa que a fundou, a marca Batavo trocou quatro vezes de mãos em menos de 20 anos. A Cooperativa Agrícola Batavo se desfez do nome em 1998, por cerca de R$ 150 milhões, em valores da época, depois de receber uma oferta da Parmalat, que ainda não tinha entrado na espiral decadente que a levou a um longo processo de recuperação judicial.

Em meio às dificuldades que logo se avolumaram na Parmalat, a Batavo acabou sendo vendida para a Perdigão em 2000. Na época, além de lácteos, o rótulo também começou a expandir ainda mais seu portfólio para alguns tipos de carnes, como mortadelas e salsichas. Em 2009, com a criação da BRF – união da Perdigão com a Sadia, a Batavo chegou ao seu terceiro dono em pouco mais de uma década.

Em 2014, já com Abilio Diniz como sócio, a BRF resolveu se desfazer da operação de lácteos e vendeu, por R$ 1,8 bilhão, o portfólio que incluía Batavo e Elegê para a Lactalis. Embora não tenha sido um caso de repasse de marca, como ocorreu com a combalida Parmalat – hoje também nas mãos da Lactalis -, o valor do negócio é reduzido em relação a outros acordos do setor, como a recente venda da Vigor, do grupo J&F (dono da JBS), à mexicana Lala por R$ 5,7 bilhões.

O valor da negociação da Batavo já refletiu, na opinião de especialistas em marketing, a perda de relevância da marca em relação ao seu auge – nos anos 1980 e 1990, a empresa chegou a ter 12% do setor, ao lado de gigantes como Danone e Nestlé. Hoje, a fatia da Batavo reduziu-se a menos de um quarto dos números exibidos nos tempos áureos.

Queda

Além disso, dados da consultoria Euromonitor compilados pela Sonne Consulting mostram que a Batavo perdeu cerca de um terço de sua participação no mercado de laticínios nos últimos cinco anos. O resultado foi pior que o de suas concorrentes diretas, que conseguiram manter suas participações em um segmento que continua a ser bastante pulverizado.

A Batavo viu seu domínio em laticínios cair de 3,3%, em 2013, para 2,2%, no ano passado. Ao longo do mesmo período, a perda de participação se repete em outras categorias, como manteiga e iogurte. “Olhando os dados, a Batavo já estava na última posição entre as principais marcas e só perdeu espaço desde então”, diz Maximiliano Tozzini Bavaresco, presidente da Sonne Consuling, especializada em reputação e construção de marcas.

Procurada, a Lactalis, respondeu a questões da reportagem apenas por e-mail. O grupo francês não comentou a perda de mercado dos últimos anos, mas afirmou que a marca liderou o ganho de participação de mercado na categoria iogurtes no País entre janeiro e março de 2017, citando dados Nielsen. Não forneceu, no entanto, números de sua fatia de mercado nem de suas concorrentes.

A Lactalis informou ainda que acabou de colocar no ar uma campanha da marca em que o foco é uma de suas apostas em termos de produto: o iogurte com pedaços de fruta. O filme tenta resgatar a história da Batavo ao mostrar os consumidores se transformando em “holandeses” toda a vez que consomem um produto da marca. Além de exibir a propaganda em televisão, a Lactalis também está patrocinando o programa de competição culinária Master Chef, da Band.