Economia

Entidade da Dinamarca denuncia condições de trabalho em lavouras de café do País

Entidade da Dinamarca denuncia condições de trabalho em lavouras de café do País Entidade da Dinamarca denuncia condições de trabalho em lavouras de café do País Entidade da Dinamarca denuncia condições de trabalho em lavouras de café do País Entidade da Dinamarca denuncia condições de trabalho em lavouras de café do País

São Paulo – O DanWatch, centro de pesquisa independente da Dinamarca, desenvolveu investigação jornalística sobre as condições de trabalho nas lavouras de café do Brasil. Entre outras constatações, a organização relata condições de trabalho análogas à escravidão, aplicação de agrotóxicos perigosos e falta de equipamentos de proteção.

O relatório, disponível no site da organização, com fotos, vídeos e depoimentos, está dividido em 17 capítulos. “O DanWatch pode provar que os trabalhadores dos cafezais, na maior nação de café do mundo, labutam em condições contrárias à legislação brasileira e às convenções internacionais”, diz o centro de pesquisa, no estudo.

O trabalho infantil em plantações de café do Brasil também é denunciado pela organização dinamarquesa. “Dois meninos, de 14 e 15 anos, que colhiam café, foram libertados das condições de trabalho análogas à escravidão, durante uma inspeção regulamentar, na qual o DanWatch participou, em julho de 2015”, revela a entidade.

Segundo DanWatch, as autoridades brasileiras não têm números precisos sobre o total de crianças que trabalham nas plantações de café. “Mas, na maior Estado produtor de café do Brasil, Minas Gerais, 116 mil crianças, de 5 a 17 anos, trabalhavam na agricultura em 2013”.

Outra constatação do relatório é a aplicação de agrotóxicos, perigosos para a saúde, sem os adequados equipamentos de proteção. “Nas plantações brasileiras, o café é pulverizado com agrotóxicos perigosos, ilegais na Dinamarca e na União Europeia, e que são causadores de doenças”, afirma DanWatch.

O centro de pesquisa europeu acrescenta, ainda, que entrevistou organizações e sindicatos de trabalhadores brasileiros, os quais estimam que até metade dos trabalhadores do café trabalha sem contratos legais.

Também aponta para outros problemas na atividade, como pagamento de salário a menor e graves acidentes. “Para os trabalhadores da maior nação de café do mundo, o transporte é perigoso, as condições de moradia são miseráveis e a jornada de trabalho é longa, com baixos salários”.

“De acordo com organizações de trabalho, até metade dos empregados está trabalhando sem contrato e, portanto, não tem o direito a serviços sociais básicos”, diz o DanWatch.

A organização afirma, ainda, que contatou as empresas multinacionais Nestlé e Jacobs Douwe Egberts, responsáveis por cerca de 40% do mercado global de café, donas de marcas como Nescafé, Nespresso, Gevalia e Senseo.

Segundo DanWatch, as empresas admitiram que o café originário de plantações com condições de trabalho análogas à escravidão pode ter acabado em seus produtos.

Nestlé e Jacobs Douwe Egberts, conforme DanWatch, adotam diretrizes éticas para as suas compras de café, exigindo que seus fornecedores cumpram uma série de convenções internacionais, incluindo de Direitos Humanos e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Depois do relatório do DanWatch, as companhias reconhecem que há necessidade de se fazer mais para resolver os problemas da produção do café brasileiro”, afirma o centro de pesquisa.