
O Espírito Santo é o Estado da logística. A gente sabe. E mesmo com tanto movimento de cargas, consegue manter a segurança nas estradas. Enquanto o Brasil fechou 2024 com 10.478 ocorrências de furtos e roubos de cargas e teve prejuízo estimado em R$ 1,2 bilhão, no Espírito Santo foi diferente. Foram 68 casos em 2024 e 41 registros até agosto deste ano. Esses números confirmam um diferencial de segurança relevante para operadores logísticos e cadeias de abastecimento.
Roubo de cargas no Brasil em 2024
Posição | Estado | Percentual |
1º | São Paulo | 43% – 47,2% |
2º | Rio de Janeiro | 18,7% – 29% |
3º | Minas Gerais | 6% – 14,2% |
4º | Pernambuco | 4% |
5º | Bahia | 3% |
6º | Espírito Santo | 2% |
7º | Mato Grosso | 2% |
8º | Santa Catarina | 1% |
9º | Rio Grande do Sul | 1% |
Mas, por que isso acontece? Segundo o superintendente do Transcares, Mario Natali, existem pelo menos quatro motivos para as estradas do ES serem mais seguras.
O ES é um estado pequeno – “E se somos um Estado com dimensões e movimentações de cargas menores que Rio e Minas, por exemplo, é óbvio que teremos menos ocorrências. Naturalmente temos respostas mais ágeis dos órgãos envolvidos no seu combate”.
A forte atuação das polícias, Civil, Militar e Rodoviária Federal – “Temos aqui no Estado uma rede de monitoramento de placas de veículos, por meio do cerco eletrônico conectado ao Ciodes. Ou seja, as forças policiais iniciam e encerram os Boletins de Ocorrências e as apurações através de inquéritos. Faz diferença quando o assunto é furto e roubo de cargas”.
Lei 10.638, de 2017 – É uma legislação pioneira no Brasil que pune o receptador de cargas. “E quando conseguimos puni-los, inibimos o crime”. Dentre outras medidas, a lei cassa a inscrição estadual de empresas envolvidas.
Integração e cooperação entre entes públicos e privados – “Aqui no Espírito Santo, forças policiais, entidades, órgãos públicos, empresas… nós atuamos juntos em qualquer assunto que tenha a ver com o tema”.
E-commerce exige atenção
Ainda assim, especialistas e autoridades mantêm atenção aos novos vetores de risco, como o e-commerce. A economia do Espírito Santo tem forte viés logístico, o que amplia seu mérito estratégico. Portos, rodovias e centros de distribuição sustentam grande parcela do PIB estadual.
No arranjo logístico, apenas os setores de Transportes, Armazenagem e Correio, em 2024 mantiveram a base de 5,1% do PIB estadual. Em valores absolutos, a logística representou R$ 11,74 bilhões.
Com base na projeção de crescimento da economia, o setor deve movimentar cerca de R$ 12,1 bilhões ao final de 2025. Os dados são do Instituto Jones dos Santos Neves.
Essa vocação logística facilita a atração de empresas que demandam espaço de armazenagem e agilidade nas entregas. Além disso, a infraestrutura em expansão reforça competitividade frente a outras praças do Sudeste.
Cargas dos gigantes do e-commerce
Grandes varejistas e multinacionais já operam galpões ou alugam espaços logísticos no Estado. A Amazon ocupa um centro de distribuição em Viana, adquirido por fundo imobiliário. O Mercado Livre instalou centro de distribuição em Linhares e expande operações na Serra. O Magazine Luiza abriu um centro de distribuição em Viana para acelerar entregas regionais. A BRF mantém centro de distribuição em Viana, com novos investimentos no Estado. A Coca-Cola tem unidade e logística instalada em Cariacica, reforçando a malha distributiva capixaba.
Além disso, o Espírito Santo oferece incentivos fiscais para operações de comércio eletrônico. Programas como o Compete-ES contemplam regimes tributários favoráveis ao e-commerce. O benefício reduz o ICMS efetivo em operações interestaduais, incentivando centros de distribuição. Portanto, políticas públicas complementam a vocação logística e atraem operadores nacionais e internacionais.
Esses estímulos ajudam a explicar o crescimento de galpões e serviços de armazenagem no Estado. Ao mesmo tempo, o quadro exige vigilância e atenção redobrada sobre a segurança, especialmente em entregas fracionadas.
Fórum de Segurança discute prevenção
A atenção agora se volta para modalidades que crescem com o e-commerce e a logística fracionada. Especialistas alertam para veículos menores e rotas pulverizadas como novos pontos de vulnerabilidade. Também há registro do aumento de saques após acidentes, fenômeno que exige resposta rápida.
O diálogo entre empresas, polícia e governo tem sido intensificado para mitigar esses riscos. A integração tecnológica e operações conjuntas mostram eficácia na prevenção e repressão.O equilíbrio entre incentivo econômico e segurança logística é determinante para o futuro.
O VII Fórum de Segurança, organizado pelo Transcares, vai reunir autoridades e especialistas em Vitória. Será na próxima quinta, dia 25. O evento debaterá prevenção ao furto e roubo de cargas e ações integradas no Estado.
Estarão presentes representantes das polícias, setor de transporte e entidades do Sudeste. O encontro busca consolidar práticas de proteção à malha logística e fortalecer cooperações.