O Espírito Santo vai receber um volume recorde de investimentos nos próximos cinco anos. Segundo o estudo do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), apresentado nesta segunda-feira (1º), estão previstos R$ 137,6 bilhões em aportes públicos e privados até 2029. O valor representa um aumento de 40% em relação à carteira anterior, e 70% dos projetos já estão contratados ou em execução.
O governador Renato Casagrande destacou que essa é a maior projeção de investimentos desde o início do monitoramento, há 25 anos. “É um sinal de confiança do setor produtivo no ambiente de negócios do Espírito Santo”, afirmou.
A Petrobras lidera a lista dos maiores aportes de investimentos, com R$ 35 bilhões previstos. O setor de petróleo e gás segue sendo o principal motor da economia capixaba, porém outros segmentos também ganham destaque, como logística, mineração, portos e saneamento. “O petróleo continuará sendo uma atividade importante, mas trabalhamos para diversificar. Do mesmo modo, o setor portuário e o saneamento básico terão papel estratégico”, disse Casagrande.
De acordo com o diretor-geral do IJSN, Pablo Lira, o levantamento abrange 1.290 projetos de investimentos em 78 municípios capixabas. “O Espírito Santo vive um momento ímpar de oportunidades. São investimentos que geram empreendimentos, empregos e renda em todas as 10 microrregiões do estado”, afirmou.
Energia e estradas
Além da Petrobras, o ranking dos maiores investimentos inclui a EcoRodovias (R$ 10 bilhões), BW Energy, PetroRio e Vale. No caso da mineradora, os recursos de R$ 4,7 bilhões estão voltados a compromissos ambientais. Já no setor público, os investimentos somam quase R$ 30 bilhões, sendo boa parte do Governo do Estado.
O secretário de Economia e Planejamento, Álvaro Duboc, ressaltou o desempenho fiscal capixaba. “De 2019 a julho de 2025, o Espírito Santo já executou R$ 17,8 bilhões em investimentos públicos. Isso representa 20% da receita do Estado, enquanto a média nacional é de 7%”, destacou.
Infraestrutura e desafios de investimentos
Entre as obras de infraestrutura, estão a BR-262, com aporte de R$ 2,3 bilhões, e a concessão da BR-101, que já tem investimentos em andamento. Sobre a BR-259, Casagrande esclareceu que o projeto é federal, mas o governo estadual acompanha as negociações em Brasília.
Outro ponto de debate envolve a Estrada de Ferro Vitória-Minas. Casagrande cobrou da Vale o cumprimento do compromisso firmado com o Tribunal de Contas da União (TCU) de construir a ligação ferroviária até Anchieta. “A Vale precisa dar uma resposta à sociedade capixaba. Esse compromisso é público e formal”, disse o governador.
O estudo também aponta descentralização dos aportes. Em 2005, a Grande Vitória concentrava 60% dos investimentos; agora, esse percentual caiu para 34%. Municípios como Anchieta, Serra e Presidente Kennedy lideram os novos projetos, principalmente em petróleo, gás e logística.
Para Pablo Lira, a estratégia fortalece o desenvolvimento regional. “Hoje, 66% dos investimentos estão fora da Grande Vitória. Esse equilíbrio é resultado de políticas públicas que descentralizam o crescimento e atraem novos negócios para todas as regiões”, concluiu.