Maio 2021
6
Tamires Endringer
FAZ A CONTA

porTamires Endringer

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Investimentos ESG e mercado financeiro: o que mudou?

 

1 Sustentabilidade Empresarial

 

Desde meados do século passado Governos, Centros de Pesquisa, Empresas e a sociedade em geral discutem o nosso modelo de desenvolvimento econômico, seus impactos sobre o meio ambiente e sobre a qualidade de vida dos seres humanos. Em 1987, mais especificamente, a partir do chamado “Relatório Brundtland” falamos em “Desenvolvimento Sustentável”, como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer o direito das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades.

 

O conceito de Desenvolvimento sustentável, expresso como tal inicialmente no chamado “Relatório Brundtland” (1987), baseia-se no tripé Ambiental, Social e Econômico. A expressão triple bottom line, criada por John Elkington em 1994, denota não só a necessidade de demonstração de resultados no campo contábil, mas a responsabilidade da organização com os aspectos sociais e ambientais, além dos econômicos, como condição para a perenidade dos negócios.

 

O tradicional tripé evoluiu, mais tarde, para a concepção de sustentabilidade multidimensional, mas o fato é que, sob a perspectiva do direito, a exigência de que as instituições públicas e privadas fossem sustentáveis e atendessem às normas ambientais e aos direitos humanos já existia. Então, o que mudou?

 

2) O paradigma ESG/ASG – Ambiental, Social e Governança.

 

Durante décadas a preocupação com asustentabilidade era titularizada por pequenos grupossociais, ONGs, alguns governos e empresáriosidealistas, muitas vezes chamados de “ecochatos.”

 

A perspectiva ESG – Environmental social and governance, ou em português, ASG – Ambiental, Social e Governança, diferencia-se deste contexto por trazer a sustentabilidade em seu sentido mais amplo, sob a ótica do mercado financeiro, ou seja, dos grandes capitalistas, aqueles que têm grande quantidade recursos para investimentos e que, por isso, podem “ditar as regras” de seu funcionamento.

 

Nos últimos sete anos, o influente gestor mundial de fundos de investimento Larry Fink, chairman e CEO da BlackRock, gigante que em 2021 subiu 19% e atingiua marca de US$ 8,68 trilhões sob gestão, valorsuperior ao PIB de muitos países, tem se destacado como a principal voz do mercado de capitais adefender uma estratégia de negócios responsável e de longo prazo. A sua carta de 2019 é um marco dos chamados investimentos responsáveis, ou investimentos com propósito.

 

3) Capitalismo de Stakeholders

 

Nesse contexto o foco não pode mais ser somente amajoração dos lucros dos acionistas, sendo muitos os aspectos a serem analisados na temática ESG:

a) a perspectiva ambiental, com os limites planetários, riscos de eventos extremos, a suficiência ou escassez de matérias primas;

b) o prisma social, com temas como diversidade, inclusão, relação com as comunidades, desigualdade social e mercado consumidor, o impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho, etc..

c) Os aspectos de Governança rumo à uma economia generativa ou regenerativa, perenidade das atividades e empreendimentos, do retorno dos investimentos de curto, médio e longo prazo, integridade/compliance, colaboração, cadeias de valor, propósito e cultura organizacional, valorização do pequeno e médio acionista, dentre outros sobre os quais falaremos nos artigos seguintes.

 

A nova face do capitalismo é, portanto, o capitalismo de stakeholders (partes interessadas), em que o foco não é mais somente a preocupação com a majoração dos lucros dos grandes acionistas, mas com os pequenos investidores, colaboradores, consumidores, comunidade e meio ambiente. Esta é uma mudança que, de fato, está acontecendo em larga escala em todo o mundo, dado que não é mais fruto de grupos idealistas minoritários, ou de Governos de “ilhas de excelência”, mas uma determinação, um comando, uma ordem de quem verdadeiramente tem poder de mover e alterar as rotas do sistema: os grandes capitalistas.

Este artigo foi elaborado por Flávia de Sousa Marchezini.

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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