Onde aplicar a reserva de emergência
Na Coluna anterior, falamos sobre onde alocar sua reserva de emergência, destacando que a poupança não deve ser usada para isso. Mas apesar de não valer a pena, os brasileiros têm mais de R$ 1 trilhão alocados nesta aplicação. Hoje, vamos mostrar de uma vez por todas porque aplicar na poupança não faz sentido e você está perdendo dinheiro.
Para definir a remuneração da poupança, a nova regra (para aplicações efetuadas a partir de maio de 2012) é calcular 70% da taxa Selic — taxa básica de juros — se esta estiver abaixo de 8,5% ao ano. Já com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança passa a render 0,5% ao mês, acrescidos da Taxa Referencial (TR), que atualmente está em 0% ao ano.
Ou seja, atualmente, com a Selic a 2,75% ao ano, a poupança deveria render cerca de 1,9% ao ano, ou 0,16% ao mês. Com a taxa neste patamar, se você aplicar R$ 1 mil reais na poupança, receberá somente R$ 1,60 no fim do mês.
Mas temos que lembrar que a Selic varia ao longo do ano, em reuniões periódicas do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que ocorrem a cada 45 dias. Por isso, em 2020, por exemplo, a poupança rendeu 2,11%.
Você pode pensar que a rentabilidade é baixa, mas é pior ainda: ela é negativa. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020 foi de 4,52%, fazendo com que os recursos aplicados em caderneta perdessem poder de compra nesse período. Chamamos isso de rentabilidade real negativa, que é quando o seu dinheiro rende menos do que a inflação do período.
Além disso, a poupança só rentabiliza a cada um mês completo. Então, caso você aplique seu dinheiro na poupança no dia 20 de abril, ela só será remunerada dia 20 de maio, e se você precisar retirar o dinheiro no dia 19 de maio perderá todo o rendimento do mês. Para as pessoas físicas, os rendimentos de poupança são isentos de Imposto de Renda(IR) e a rentabilidade é mensal, porém, para pessoas jurídicas, o rendimento é trimestral e não há isenção de imposto o que a torna ainda menos vantajosas para a pessoa jurídica.
Mesmo com todas essas desvantagens, os brasileiros continuam investindo na poupança. Segundo o Raio-X do investidor brasileiro, publicado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o produto financeiro preferido da população ainda é a poupança: 84% dos brasileiros aplicam na caderneta. Enquanto isso, apenas 6% investem em fundos de investimento, 5% em previdência privada e 5% em títulos privados. Sem falar na marca de R$ 1 trilhão em poupança atingida ao fim de 2020.
A Anbima nos dá uma informação interessante nesse sentido: dos 84% que utilizam a caderneta de poupança, apenas 5% mencionam o retorno como justificativa.
Mas se não é pela rentabilidade, porque é então? Basicamente, são três os principais motivos: facilidade na hora de aplicar, falta de conhecimento sobre outros produtos do mercado e a sensação de segurança que este investimento tão tradicional traz.
Nesse sentido, como já abordamos na coluna sobre onde alocar sua reserva de emergência, existem outros investimentos com o mesmo patamar de segurança da poupança ou patamar semelhante, mas que remuneram muito melhor do que ela, além de serem tão simples quanto.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória