Economia

FMI reconhece avanço de reformas no Brasil, mas cobra compromisso fiscal mais ambicioso

FMI reconhece avanço de reformas no Brasil, mas cobra compromisso fiscal mais ambicioso FMI reconhece avanço de reformas no Brasil, mas cobra compromisso fiscal mais ambicioso FMI reconhece avanço de reformas no Brasil, mas cobra compromisso fiscal mais ambicioso FMI reconhece avanço de reformas no Brasil, mas cobra compromisso fiscal mais ambicioso

Depois de melhorar novamente a projeção para o crescimento do Brasil neste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu que o avanço da agenda legislativa no País, com o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, enviam um sinal positivo. Apesar disso, o organismo reforça a cobrança de uma consolidação fiscal mais ambiciosa no País, conforme o novo relatório Artigo IV, documento anual do Fundo que avalia a economia de seus países-membros, publicado nesta segunda-feira, 31. A missão do Fundo ao Brasil foi realizada entre os dias 2 e 16 de maio.

“Avanços recentes na agenda legislativa – com a reforma tributária, o novo arcabouço fiscal e o fortalecimento da revisão administrativa das disputas tributárias avançando a passos largos – enviam um sinal positivo”, disse o FMI, no documento.

Quanto ao crescimento do País, o Fundo alerta para uma moderação da expansão no resto do ano, embora veja a atividade econômica convergindo para níveis potenciais. O FMI espera que o Brasil tenha expansão de 2,1% neste ano, acima da sua estimativa anterior e que apontava alta de 1,2%, conforme as novas projeções divulgadas na semana passada. Ainda assim, o ritmo deve desacelerar frente a 2022, quando o País cresceu 2,9%.

“O abrandamento do consumo privado e a queda do investimento apontam para uma maior moderação do crescimento no resto do ano”, projeta o Fundo, lembrando que nos primeiros meses de 2023, a expansão foi sustentada por uma produção agrícola muito forte, enquanto a manufatura e os serviços foram moderados.

Às vésperas da reunião do Banco Central (BC), o FMI reconheceu a melhora da inflação brasileira e teceu elogios à resposta proativa da política monetária da autoridade monetária, que deve ser o segundo a iniciar o processo de relaxamento das taxas, após o Chile. O Fundo ressalta que as decisões do BC brasileiro devem continuar voltadas ao futuro e dependente de dados econômicos, mas também celebra a manutenção das metas de inflação.

Dirigentes do Fundo advertem que o núcleo da inflação brasileira, que serve para medir a real temperatura dos preços nas economias ao excluir itens voláteis como gastos com energia e alimentos, permanece elevado e que as expectativas de inflação também estão acima da meta. Apesar disso, o Fundo espera que a inflação nominal alcance 5,4% até o fim de 2023 e convirja para a meta em meados de 2025, enquanto a inflação básica deve cair mais de forma gradual.

O FMI alerta ainda para os riscos do contexto mundial e que incluem uma desaceleração global abrupta, um aperto acentuado das condições financeiras e volatilidade dos preços das commodities. No âmbito doméstico, acrescenta, os perigos residem na retomada da incerteza fiscal e de uma inflação mais persistente, mas acrescenta que os riscos mudaram de direção e, agora, são positivos.

“Consolidação fiscal mais ambiciosa, a aprovação e implementação da reforma dos impostos indiretos e as oportunidades de crescimento verde trazem riscos positivos”, observa o organismo, no documento.

Os dirigentes do FMI destacaram ainda os avanços de uma agenda mais competitiva no sistema financeiro, incluindo o Pix e o Real Digital, ressaltando possíveis riscos à estabilidade financeira relacionados à digitalização. Neste front, também reforçaram o coro para o cuidado em torno de um papel maior dos bancos públicos para mitigar os riscos para a sustentabilidade fiscal e a transmissão da política monetária.

Por fim, mencionando o papel do Brasil nos esforços internacionais para enfrentar os desafios da mudança climática, os diretores do organismo saudaram os planos para fortalecer a resiliência climática, deter o desmatamento ilegal e descarbonizar a economia doméstica.