Economia

Governo deve mudar modelo do fundo de compensação em cenário de ajuste fiscal

Governo deve mudar modelo do fundo de compensação em cenário de ajuste fiscal Governo deve mudar modelo do fundo de compensação em cenário de ajuste fiscal Governo deve mudar modelo do fundo de compensação em cenário de ajuste fiscal Governo deve mudar modelo do fundo de compensação em cenário de ajuste fiscal

Brasília – O governo federal avisou nesta terça-feira, 24, aos Estados que não tem recursos para bancar, nos moldes negociados até agora, o Fundo de Compensação que será criado para cobrir as perdas de receitas provocadas com a reforma do ICMS. Em reunião com secretários estaduais de Fazenda e senadores, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio Godoy, pediu um recálculo do tamanho da perda na arrecadação. “É uma nova discussão macroeconômica. A capacidade do governo federal de ser pró-ativo nessa reforma é muito menor”, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o secretário de Fazenda de São Paulo, Renato Villela.

Diante da necessidade atual de promover um ajuste fiscal nas contas do governo federal, a reforma prevista para ocorrer em oito anos pode ser feita em um prazo mais longo para amortecer os desembolsos da União por meio do fundo de compensação. A proposta em tramitação no Senado prevê a redução do ICMS nas operações interestaduais, hoje de 12% e 7%, para 4%.

Para cobrir as perdas de Receita, o governo havia prometido fazer transferências trimestres para os Estados durante um período de 16 anos. A medida provisória que criava o Fundo de Compensação e um outro para estimular o desenvolvimento regional com o fim da guerra fiscal caducou na época sem ser votada. O governo quer editar uma nova medida provisória, mas com um novo desenho para os fundos.

O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se reunirá em abril para discutir a nova proposta de reforma do ICMS. O coordenador do colegiado e secretário de Fazenda do Pará, José Barroso Tostes, contou ao Broadcast que o Confaz deve aprovar outro convênio com os pontos que forem consenso entre os Estados. No ano passado, foi publicado um convênio por 21 Estados defendendo a reforma completa do ICMS, que inclui também a convalidação e remissão de incentivos tributários concedidos no passado pelos Estados para atraírem investimentos.

“Agora o desafio é fazer um convênio com aprovação dos 27 Estados”, disse Tostes. Ele explicou que o Confaz solicitou um tempo para se posicionar, considerando que 18 dos 27 secretários de fazenda assumiram o cargo no início deste ano, com a troca de governadores em alguns Estados. Uma nova reunião com governo e senadores acontecerá no início de maio para apresentar a posição do Confaz.

O governo pediu aos Estados que usem o estudo feito pela Receita Federal mostrando o saldo da balança das operações interestaduais em 2013 para calcular as perdas de receitas que serão geradas com a reforma do ICMS. Com base nos dados da nota fiscal eletrônica, a Receita compilou os dados mostrando que apenas oito Estados ganham com o modelo atual. São Paulo é o Estado mais beneficiado. “Em função desse estudo, as secretarias de Fazenda vão quantificar quanto cada Estado ganha ou perde com a reforma”, disse Tostes. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que o Ministério da Fazenda pediu que os Estados discutam uma alíquota para o ICMS que seja neutra do ponto de vista tributário.

Um projeto de lei complementar permitindo que o Confaz aprove sem unanimidade o perdão dos incentivos concedidos no passado já foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e aguarda para entrar em votação no plenário. O relator do projeto, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), disse que a proposta ficará parada até que os Estados fechem uma nova posição em relação à reforma do ICMS. Segundo ele, é preciso aprovar o pacote completo que inclua o perdão do benefícios, a redução da alíquota do ICMS e a criação dos fundos.

O projeto reduz o quórum do Confaz para que ele possa aprovar um convênio tornando legal esses benefícios fiscais e prorrogando-os por até 15 anos. O texto permite a aprovação dos incentivos com apenas dois terços dos Estados, desde que haja a aceitação por um terço dos entes de cada região do País. Benefícios futuros, no entanto, só podem ser aprovados por unanimidade. Há um entendimento da maioria dos Estados e do governo que a aprovação da convalidação dos incentivos sem a redução das alíquotas do imposto incentivará a continuidade da guerra fiscal.