Economia

Deputado acusa governo de 'tomar' texto de projeto sobre contenção de gastos

O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) acusa a equipe econômica do governo de querer "tomar" o seu projeto para ser apresentado via Senado

Deputado acusa governo de ‘tomar’ texto de projeto sobre contenção de gastos Deputado acusa governo de ‘tomar’ texto de projeto sobre contenção de gastos Deputado acusa governo de ‘tomar’ texto de projeto sobre contenção de gastos Deputado acusa governo de ‘tomar’ texto de projeto sobre contenção de gastos
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aciona mais rapidamente gatilhos de contenção dos gastos e cria novos freios para as contas do governo, o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) acusa a equipe econômica do governo de querer “tomar” o seu projeto para ser apresentado via Senado.

Em entrevista ao Estado/Broadcast, o deputado reclama que a sua PEC está no meio de disputa entre o Senado e a Câmara dos Deputados pelo protagonismo da tramitação da agenda econômica. O texto da proposta vinha sendo aprimorado, desde abril passado, por um grupo técnico do Legislativo e do Ministério da Economia. “Me sinto no direito de fazer uma reclamação justa e autoral. É muito deselegante depois de tanto tempo de estudo e avisando que esse era o problema”, criticou.

O deputado revelou que a sugestão da liderança do governo no Senado é apresentar a proposta que já tramita no Senado e é de autoria da ex-senadora petista e hoje deputada federal, Gleisi Hoffman (PR). “Eu quase caí para trás com essa ideia. Deve ser uma PEC da Gleisi que aumenta gastos”, ironizou o deputado fluminense.

Medidas de corte

A PEC do deputado prevê, entre outras medidas, a limitação de novas despesas obrigatórias, como de pessoal, o refinanciamento de dívidas, a concessão de incentivos fiscais, redução da jornada de trabalho, suspensão da progressão de carreira dos servidores, do abono salarial e os repasses constitucionais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ainda segundo o projeto de Pedro Paulo, haveria suspensão da multa adicional de 10% do FGTS que é paga pelas empresas. A proposta também altera a chamada regra de ouro, que impede que o governo se endivide para pagar gastos correntes, como de pessoal. Há menos de um mês, a proposta de Pedro Paulo recebeu o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes pretende apresentar nesta quarta-feira, após a votação final da reforma Previdenciária no Senado, a agenda econômica para o “Pós-Previdência”. A ideia do governo é aproveitar parte da PEC do deputado Pedro Paulo, com as medidas mais emergenciais, e encaminhar via Senado.

A reforma administrativa, que também faz parte do pacote da agenda chamada de “transformação do Estado”, começaria ser discutida pela Câmara. O governo federal tem pressa em adotar algumas medidas de ajuste para abrir espaço no Orçamento de 2020. Enquanto isso, Câmara e Senado buscariam uma proposta de convergência para as duas PECs de reforma tributária que tramitam no Congresso.

A agenda, que inclui temas como a reforma administrativa, tributária e a regra de ouro, foi discutida na semana passada em reunião do ministro da Economia Paulo Guedes com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Um novo encontro está marcado para o início desta semana para a partilha dos projetos que serão tocados pela Câmara e pelo Senado.

Erro estratégico

O deputado disse que o governo vai errar de estratégia se apresentar a sua PEC via Senado, correndo risco de não ser aprovada. Pedro Paulo destacou que é urgente a aprovação de sua PEC, que permite acabar com o déficit nas contas e cumprir o teto de gastos (mecanismo que limita a expansão do gasto à variação da inflação) e a regra de ouro. Ele lembrou que a PEC, se aprovada, abriria espaço para recompor os investimentos, que em 2020 estão previstos em apenas R$ 19 bilhões.

Procurado sobre as críticas feitas pelo parlamentar, o Ministério da Economia afirmou que a equipe econômica considera o deputado Pedro Paulo um grande parceiro, tendo participado de um grupo de discussão com ele e o relator da proposta, Felipe Rigoni (PSB-ES), e que valoriza e apoia a iniciativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.