Economia

Governo encaminha nos próximos dias projeto de ancoragem fiscal, diz Alckmin

"Temos inúmeros desafios, mas dois mais imediatos: imposto e custo do dinheiro, juros", apontou Alckmin.

Governo encaminha nos próximos dias projeto de ancoragem fiscal, diz Alckmin Governo encaminha nos próximos dias projeto de ancoragem fiscal, diz Alckmin Governo encaminha nos próximos dias projeto de ancoragem fiscal, diz Alckmin Governo encaminha nos próximos dias projeto de ancoragem fiscal, diz Alckmin
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil

O governo deve encaminhar nos próximos dias o projeto de ancoragem fiscal, que combina curva da dívida, superávit e controle de gastos, afirmou nesta segunda-feira, 20, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

“Acho que o governo encaminha nos próximos dias o projeto de ancoragem fiscal”, disse Alckmin, durante o seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo BNDES em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no Rio de Janeiro.

“Temos inúmeros desafios, mas dois mais imediatos: imposto e custo do dinheiro, juros”, apontou Alckmin.

Reforma tributária e taxa de juros

Ele acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já “está empenhado” na aprovação da reforma tributária.

Quanto aos juros, Alckmin defendeu que não há nada que justifique o juro real de 8% no Brasil.

Segundo ele, não há demanda explodindo, e o mundo inteiro tem “praticamente juros negativos”. Ao mesmo tempo, ele defendeu a necessidade de “desenvolvimento com estabilidade”, sem volta da inflação. “Não pode voltar a inflação. Inflação não é socialmente neutra, ela tira do mais pobre para os mais ricos”, discursou.

Reoneração dos combustíveis

O vice-presidente defendeu a forma como o atual governo conduziu a reoneração dos combustíveis. “Seria muito confortável e populista dizer que não vou cobrar nada de imposto”, disse. “O governo agiu de maneira correta”, acrescentou.

Alckmin listou os esforços do governo federal para o que definiu como movimento de “neo-industrialização”. Ele deu como exemplo a recente desburocratização da exportação de frango para a União Europeia, cuja burocracia foi digitalizada desde 1º de março, reduzindo custos a produtores e exportadores.

Alckmin também mencionou o fato de a placa de aço carbono ter sido retirada de lista anti-dumping dos EUA. “Temos que vencer essa cultura cartorial, simplificar as coisas. A população quer as coisas simplificadas, mais eficientes”, disse.

Ele afirmou que “até ontem”, havia uma busca da indústria por países onde se poderia fabricar bens bem e barato. Nesta equação, teria sido acrescentado o fator da compensação das emissões de carbono. “Aí o Brasil passa a ter oportunidade extraordinária. Somos a bola da vez no sentido de atrair investimentos, mercado de carbono, energia limpa. O mundo vai depender de três países, Brasil, Indonésia e Congo, onde estão as três florestas tropicais que podem segurar as mudanças climáticas”, disse.

A esse respeito, ele sublinhou a “postura firme” do governo no combate ao desmatamento ilegal e disse que não é o agricultor quem faz desmate, mas o “grileiro de terra” na esperança de que o governo lhe dê o título da terra à frente. “Falta rigor da lei”, disse. Alckmin encerou o discurso defendendo “desenvolvimento inclusivo”, no que apontou o aumento real do salário mínimo, que vinha congelado há alguns anos.