Economia

Governo vê arrecadação limitada com cobrança de imposto sobre dividendos

Governo vê arrecadação limitada com cobrança de imposto sobre dividendos Governo vê arrecadação limitada com cobrança de imposto sobre dividendos Governo vê arrecadação limitada com cobrança de imposto sobre dividendos Governo vê arrecadação limitada com cobrança de imposto sobre dividendos

Para compensar uma redução de um ponto percentual na alíquota do IRPJ, seria necessário criar uma taxação de 3% ou 4% sobre dividendos, valores distribuídos a acionistas da empresa e isentos atualmente.

Além disso, a avaliação de técnicos do Ministério da Economia é que a arrecadação sobre dividendos seria “quase nula” nos primeiros anos.

Mesmo assim, o governo quer propor a criação do tributo, pois, apesar do efeito limitado em relação ao que se arrecada atualmente com IRPJ, é uma forma de bancar o corte no imposto de renda das empresas.

 

 

O Caos tributário. Basta a reforma?

Temos talvez o pior sistema tributário do mundo, com uma quantidade absurda de tributos.
Vivemos em um país onde o empresário não entende o custo tributário e, por isso, vê seu
negócio ruir pela tributação, autuações e custos com profissionais contábeis para cuidar dessa
loucura. Para piorar, apesar da alta carga tributária, não temos saúde, educação e segurança
de qualidade, de forma que, quem pode, contrata tudo isso (novamente) pelo meio privado.

Não suficiente, a insegurança jurídica é uma dor diária (talvez até “horária”), onde a Receita
Federal legisla, regulamenta, autua, decide, recorre, julga, cobra. Onde o Executivo muda
alíquotas por Medidas Provisórias ou concede benefícios tributários de acordo com a
necessidade de grupos de pressão. Onde o STF se tornou um órgão político e “moderador”
(nas palavras de um de nossos ministros), que não julga de acordo com a lei, mas com a
capacidade de pagamento do ente público, sempre modulando (invenção recente) os efeitos
de sua decisão, passando o seguinte recado ao contribuinte: “você tem razão, foi cobrado a
maior o tempo todo, mas o Estado não tem como te devolver o dinheiro, então a decisão só
vale para quem já entrou com a ação ou daqui pra frente”. É tipo a legalização de um roubo
(visto que a cobrança foi ilegal) perpetrado por alguém muito mais forte que qualquer de um
de nós.

Temos a chance de melhorar isso um pouco através da tão necessária (junto da reforma
política e administrativa) reforma tributária. Temos a chance de diminuir a confusão e o
emaranhado que é nossa tributação. Só de deixar mais simples, vai ser um grande avanço, mas
ainda muito distante do que precisamos.

A reforma precisa simplificar, diminuir a carga tributária (em especial os tributos indiretos),
desvincular a arrecadação com gastos específicos, manter o empresário livre de injustiças
(como o voto de qualidade), trazer mais garantias e segurança ao contribuinte, permitindo o
retorno de fortes investimentos estrangeiros que, como já dizia, Ludwig Von Mises, é uma das
bases para o crescimento de qualquer nação.

Porém, somente a reforma não adianta para resolver nosso caos tributário. Precisamos
também de uma forte mudança de cultura daqueles que tomam as decisões tributárias, para
que deixem de ver o contribuinte como sonegador ou vilão, quando, na verdade, busca
proteger seu patrimônio e reinvestir na sociedade, seja via contratação, ampliação de seus

negócios, expansão dos negócios, consumo. Tudo isso movimenta o ciclo econômico. E,
“pasmem”, quanto maior este, maior a produtividade e arrecadação.

Um ciclo virtuoso contra o caos.

Marcelo Mendonça
Advogado. Sócio do Mendonça & Machado Advogados