Economia

Guedes diz que teto de gastos 'foi mal construído' para justificar rompimento

O ministro também ressaltou que o País deve ter quase R$ 100 bilhões de investimentos anuais garantidos nos próximos 10 anos

Guedes diz que teto de gastos ‘foi mal construído’ para justificar rompimento Guedes diz que teto de gastos ‘foi mal construído’ para justificar rompimento Guedes diz que teto de gastos ‘foi mal construído’ para justificar rompimento Guedes diz que teto de gastos ‘foi mal construído’ para justificar rompimento
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Depois de o “pai” do teto de gastos, o ex-ministro Henrique Meirelles, anunciar apoio à candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez críticas nesta terça-feira (20), à âncora fiscal e justificou os sucessivos rompimentos do teto ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL) com uma suposta construção mal feita da norma.

“O teto tinha sido mal construído, porque o teto é para impedir que o governo cresça. Nós não estávamos crescendo”, justificou o ministro ao lembrar das alterações na lei para repassar, em 2019, os recursos do excedente da cessão onerosa. Em seguida, Guedes citou as alterações no teto para criar o auxílio emergencial em 2020, no início da pandemia de covid-19. 

“Alguém acha que conseguiríamos sobreviver sem ter feito o auxílio emergencial?”, questionou, durante convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) em Campinas (SP). “Estávamos permitindo que a população brasileira sobrevivesse”.

Candidato à reeleição, Bolsonaro já anunciou que pretende discutir mudanças no teto de gastos se vencer nas urnas. Lula já prometeu abolir a norma, embora o mercado financeiro tenha nutrido esperanças de uma política fiscal responsável em eventual governo petista com o apoio anunciado ao PT ontem pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Ao longo da exposição, Guedes ressaltou que o País deve ter quase R$ 100 bilhões de investimentos anuais garantidos nos próximos 10 anos e citou iniciativas de privatização como a do Porto de Santos.

“Terminamos de modelar a privatização do Porto de Santos e nosso pipeline (plano) acaba de atingir R$ 179 bilhões de outorga, ou seja, pagamento de bônus, de assinatura. Temos R$ 907 bilhões para os próximos 10 anos”, disse Guedes. Em suas contas, o montante representa “quase R$ 100 bilhões por ano de investimentos garantidos para os próximos 10 anos”.

O ministro aproveitou para comparar a situação econômica do País com a de outras economias e disse que o Brasil enfrentou “guerras da Ucrânia e sanitária sem transferir custos”. “(Os Estados Unidos) vivem processo de estagflação e vão ter muita dificuldade de sair”, afirmou. Ele disse ainda ter avisado que o país americano passaria o ano revendo sua taxa de crescimento para baixo e a do Brasil para cima.

Além disso, para ele, dado a situação da economia europeia e a insegurança geopolítica da região, o Brasil se torna um bom destino para investimentos. “Rússia está próxima, mas é país hostil à Europa; Brasil é porto seguro de investimentos”, afirmou.

No início, Guedes elogiou o setor de supermercados por ter sido “fundamental” para manter o abastecimento durante a pandemia e comemorou a situação da economia brasileira. “É muito importante vocês não se perderem nas narrativas políticas”, declarou, a doze dias das eleições.