Economia

Há pontos para aperfeiçoar na reforma trabalhista, reconhece presidente do TST

Há pontos para aperfeiçoar na reforma trabalhista, reconhece presidente do TST Há pontos para aperfeiçoar na reforma trabalhista, reconhece presidente do TST Há pontos para aperfeiçoar na reforma trabalhista, reconhece presidente do TST Há pontos para aperfeiçoar na reforma trabalhista, reconhece presidente do TST

Brasília – Apesar dos elogios e do apoio declarado à reforma trabalhista, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, reconhece que há pontos “a aperfeiçoar” no projeto que começa a tramitar no Senado. Um dos itens a melhorar, sugere, é a possibilidade de terceirização irrestrita.

“Ainda não desisti da minha visão da distinção da atividade-fim e atividade-meio”, disse em audiência conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos Sociais (CAS) no Senado.

“Há pontos a aperfeiçoar, sim. Toda obra humana é imperfeita e passível de aperfeiçoamento”, disse o presidente do TST. Um dos pontos citados por Ives Gandra é a ampliação das possibilidades de terceirização.

“Não generalizaria que tudo é possível”, disse ele, ao citar que não apoia a terceirização irrestrita. “Eu passaria para a empresa definir qual é a atividade-fim dela”, sugeriu, ao comentar que a empresa poderia definir sua atividade-fim e que essa atividade não poderia ser terceirizada. “Não posso ter dois trabalhadores trabalhando ombro a ombro, sendo um terceirizado e outro da própria empresa.”

Ives Gandra também comentou a polêmica regra que permite flexibilizar o intervalo para o almoço de uma hora para 30 minutos. “Não está se reduzindo obrigatoriamente o tempo de refeição. Estamos dizendo que o trabalhador, empregador e sindicato se quiserem podem reduzir”, disse. “No TST, temos muitos processos que mostram que o trabalhador quer chegar mais cedo em casa e empresa quer fechar mais cedo. Por que nós vamos obrigá-los a ficar uma hora?”, questionou Ives Gandra.

O presidente do TST ressaltou que o Parlamento é a instância para que a sociedade debata o tema. “Não é no grito dizendo isso ou aquilo. Que prevaleçam os bons argumentos que expliquem as relações de trabalhadores e o que projeto pode trazer de bom e ruim”, disse.

Empregos

Ives Gandra Martins Filho defendeu o projeto de reforma trabalhista com o argumento de que o projeto dará mais segurança jurídica e poderá gerar empregos na economia brasileira. Para o presidente do TST, a “espinha dorsal” da proposta de reforma trabalhista é o maior peso jurídico dos acordos coletivos sobre a legislação.

Ele defendeu que a “espinha dorsal” do projeto de reforma é dar à negociação coletiva a força da legislação na mesma linha do entendimento da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo ele, ao definir os parâmetros para o tema, a reforma dará mais segurança jurídica ao próprio judiciário e também às empresas. “O projeto dá segurança jurídica. Ao invés de deixar as coisas abstratas, vamos dizer claramente o que pode e o que não pode”, disse.

Outro ponto elogiado pelo presidente do TST é a criação de parâmetros para eventual pagamento por danos não patrimoniais. “Atualmente, não temos nenhum dispositivo e a reforma cria todo um capítulo para trabalhar do tema”, disse. “O projeto define parâmetros e limites para as indenizações. Isso é fundamental para nós, os juízes”, disse, ao comentar que há grande discrepância entre valores usados em processos da mesma natureza.

O terceiro ponto elogiado é a simplificação e a racionalização judicial. “Nem o Supremo Tribunal Federal, nem o Tribunal Superior do Trabalho aguentam mais receber tanto processos. O TST tem uma carga de trabalho muito maior que podemos resolver e o projeto define um filtro dando critérios e parâmetros”, disse.

“O projeto é um avanço significativo para melhorar e harmonizar as relações de trabalho porque gera mais segurança jurídica. Eu, como juiz, me sinto mais confortável para decidir. E, ao ter segurança jurídica, gera-se empregos”, disse Ives Gandra ao senadores.