
*Artigo escrito por Gilson Ramos, auditor, contador, executivo de compliance e finanças e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de GRC do Ibef-ES
Em um cenário econômico cada vez mais volátil, o agronegócio brasileiro assume um papel estratégico na economia nacional e global.
Diante desse ambiente desafiador, surge uma questão central: como assegurar competitividade, sustentabilidade e continuidade para as próximas gerações?
A resposta passa pela combinação de dois elementos-chave: uma auditoria em derivativos, capaz de gerenciar riscos financeiros, e um planejamento sucessório estruturado, essencial para empresas familiares que desejam perpetuar seu legado.
Auditoria em derivativos: fundamentos e aplicação no agronegócio
Derivativos são instrumentos utilizados para proteção contra variações de preços, câmbio e juros. No agronegócio, sua relevância é ampliada pela forte exposição a commodities e pela influência de fatores climáticos.
O processo de auditoria em derivativos deve verificar:
- Conformidade com políticas internas e regulamentações;
- Precisão na mensuração e registro contábil;
- Efetividade dos controles;
- Transparência nas demonstrações financeiras.
Além disso, no setor agrícola, a avaliação contempla contratos de venda futura, operações de hedge e instrumentos financeiros estruturados, sempre alinhados às normas contábeis internacionais.
Governança e sustentabilidade no sgronegócio
Uma auditoria eficaz no setor não se limita ao cumprimento normativo. Ela também:
- Assegura integridade e confiabilidade das informações;
- Fortalece a governança e a credibilidade com stakeholders;
- Oferece subsídios para decisões estratégicas;
- Identifica oportunidades de melhoria operacional e socioambiental.
Um caso prático: alinhando derivativos à estratégia corporativa
Quando tive a oportunidade de trabalhar com derivativos e commodities na Nestlé, o foco principal estava no açúcar e no cacau – insumos essenciais ao core business da companhia.
Além disso, a gestão desses instrumentos exigia que os números estivessem sempre alinhados à estratégia empresarial, garantindo previsibilidade de custos e mitigação de riscos.
Na época, a então Bovespa (atual B3) oferecia treinamentos técnicos sobre derivativos, o que foi decisivo para aprofundar o conhecimento e dar mais assertividade às decisões.
Essa experiência reforça como auditoria e gestão estratégica caminham juntas na proteção de resultados e na criação de valor ao longo dos anos.
Sucessão familiar: controle e continuidade
Grande parte das empresas do agronegócio são familiares. A sucessão não é apenas transferência de patrimônio, mas preservação de valores, continuidade estratégica e preparo da nova liderança. Nesse contexto, a auditoria contribui ao:
- Avaliar a maturidade da governança familiar;
- Identificar riscos e conflitos potenciais;
- Apoiar políticas e controles para transição segura;
- Alinhar interesses familiares e corporativos.
Auditar derivativos no agronegócio não é apenas cumprir normas: é consolidar um pilar estratégico que, assim, quando aliado ao planejamento sucessório, garante resiliência, competitividade e sustentabilidade para as próximas gerações.
Por fim, empresas que integram governança sólida, gestão de riscos financeiros e sucessão estruturada têm mais chances de prosperar em mercados cada vez mais complexos.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.