*Artigo escrito por Erika Almeida, private banker na Apex e membro do comitê qualificado de conteúdo de economia e finanças do Ibef-ES
A descentralização do crescimento econômico é um dos pilares para a construção de um Brasil mais equilibrado e próspero.
A atração de investimentos para regiões fora do eixo Rio-São Paulo, como Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná — conhecidos como ‘Onças Brasileiras’, em referência aos tigres asiáticos — destaca estados com crescimento anual acima da média nacional.
Que, por sua vez, tem impulsionado o desenvolvimento local, gerado empregos, fortalecido cadeias produtivas e promovido maior inclusão econômica.
Mercado de capitais como vetor de crescimento regional
Nesse contexto, o mercado de capitais surge como um vetor estratégico para transformar potencial regional em crescimento sustentável.
Além disso, historicamente concentrado em São Paulo e Rio de Janeiro, o mercado financeiro brasileiro tem se expandido para além dos grandes centros. Isso, graças à interiorização dos investimentos e à maior profissionalização de empresas locais.
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A entrada dessas empresas no mercado de capitais — seja por meio de IPOs, debêntures, FIDCs ou outros instrumentos — permite acesso a recursos de longo prazo com menor custo e maior autonomia.
Sobretudo, investidores ganham a oportunidade de diversificar suas carteiras com ativos ligados à economia real, mais conectados à sua própria região.
No Espírito Santo, por exemplo, políticas públicas de incentivo à industrialização, aliadas a uma logística portuária estratégica, têm atraído empresas dos setores de energia, celulose e petróleo.
A presença da Bolsa de Valores em iniciativas como a “Jornada ESG ES” e eventos de educação financeira mostra a maturidade crescente da região para integrar-se ao mercado de capitais.
Já Santa Catarina, com seu ecossistema tecnológico vibrante e forte tradição industrial, viu empresas como a Tupy e a Intelbras expandirem suas operações via emissões públicas. O que reforça o papel do capital como alavanca de inovação.
O Paraná, por sua vez, se destaca com cooperativas de crédito e agroindústrias. Que acessam o mercado financeiro por meio de CRAs e CRIs, conectando o campo ao investidor urbano.
Capital e desenvolvimento local
Esses exemplos comprovam que o desenvolvimento econômico regional não precisa estar dissociado da sofisticação financeira.
Ao contrário: quando o capital encontra projetos sólidos em regiões bem estruturadas, o resultado é um ciclo virtuoso de crescimento.
Logo, é essencial fortalecer a cultura de investimentos locais, aproximar empresas do mercado de capitais. Além disso, é essencial ampliar o número de assessores e agentes financeiros que compreendam as particularidades regionais.
Nesse sentido, a construção de um mercado de capitais mais democrático e representativo passa, necessariamente, pela valorização da diversidade territorial do Brasil.
Ao integrar regiões como Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná à dinâmica financeira nacional, ampliamos o acesso a recursos, estimulamos a inovação e promovemos uma economia mais inclusiva.
Esses estados, que já se destacam pelo crescimento acima da média, mostram que quando o capital encontra projetos sólidos em contextos regionais bem estruturados. Nesse sentido, o resultado é um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável.
O futuro é regional e capitalizado
Portanto, fortalecer a cultura de investimentos locais, capacitar agentes financeiros e conectar investidores à economia real são passos fundamentais para descentralizar a prosperidade.
O futuro da economia brasileira será regional — e será também capitalizado.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.