Cérebro x Inteligência Artificial
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*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora e consultora empresarial com foco em Gestão Estratégica, Liderança & Inclusão. Especialista em Neurodiversidade. Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do IBEF-ES.

Automatizar tarefas, melhorar a tomada de decisões, aumentar a eficiência e impulsionar a produtividade – essas são algumas das principais vantagens oferecidas pelas inteligências artificiais. Mas fica a reflexão: será que dominar o maior número possível de ferramentas de IA é, de fato, sinônimo de inovação?

Levando em conta que as ferramentas de inteligência artificial foram desenvolvidas por pessoas com habilidades cognitivas diversas – capazes de criar soluções completamente inéditas no mercado, pensar em múltiplas abordagens para resolver um mesmo problema pode ser justamente onde nasce a verdadeira inovação.

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Ou seja, quando se fala sobre a construção de futuros plurais, reconhecer que a diversidade de estilos cognitivos – incluindo pessoas com perfis neurodivergentes – pode ser vital para a estruturação de qualquer avanço técnico é uma necessidade.

Para que novas ferramentas sejam criadas, é necessário que pessoas que pensem “diferente” se reúnam e procurem formas distintas de mudar o ambiente, para que a inovação não trave.

Segundo o blog cognitivo.com, cognição é o processo mental de aquisição e processamento de informações, incluindo raciocínio, memória, atenção e linguagem.

De acordo com o site GPTW (Great Place to Work) a diversidade cognitiva é a diferença entre os estilos mentais de funcionamento cerebral dos indivíduos. Em contextos que a pluralidade de ideias e opiniões, geradas por pessoas com habilidades cognitivas distintas, florescem, novos caminhos para a evolução humana são trilhados.

Desta forma, as empresas que possuem em seu capital humano pessoas com essa característica tornam-se espaços de diálogo e debate saudável sobre as mais diversas questões, sejam elas internas ou relacionadas a problemas sociais.

Contudo, uma gama de empresas no mercado levanta a bandeira de inclusão, ignorando completamente a diversidade cognitiva.

Processos seletivos que avaliam e contratam apenas padrões, processos de trabalho sem construção clara que geram urgências e ruídos desnecessários, criando desregulações sensoriais, líderes que entendem pouco ou nada sobre as suas próprias diferenças cognitivas e as dos outros.

Em contextos assim, pessoas que têm habilidades cognitivas fora do padrão social facilmente poderão ser compreendidas como um problema para a equipe ou para a própria empresa.

Portanto, mais do que adotar ferramentas de inteligência artificial, é preciso criar ambientes verdadeiramente inclusivos, onde diferentes formas de pensar não apenas sejam aceitas, mas que sejam, também, formas de trazer soluções para problemas com criatividade, criar a tomada de decisão mais complexa e inclusiva e viabilizar a criação de produtos, serviços e políticas que atendam a vários públicos.

Quando valorizada como fonte de inovação, a diversidade cognitiva deixa de ser um detalhe e se torna um recurso estratégico. Ignorá-la é desperdiçar talentos, limitar perspectivas e comprometer o futuro das organizações.

Inovar, afinal, não é apenas dominar a tecnologia do presente — é saber cultivar a pluralidade de mentes que vão construir o futuro.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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