
*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora e consultora empresarial com foco em gestão estratégica, liderança e inclusão. Especialista em neurodiversidade. Membro do comitê qualificado de conteúdo de empreendedorismo e gestão do Ibef-ES.
O empreendedorismo feminino representa muito mais do que mulheres criando negócios. É um ato de coragem, resistência e transformação social.
É a forma que muitas encontram para se libertar de padrões limitantes, conquistar autonomia financeira e imprimir no mundo suas ideias, seus talentos e valores.
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De acordo com o Sebrae, mais de 10 milhões de brasileiras estão à frente de empreendimentos no país. Elas movem a economia, criam empregos, fortalecem suas comunidades e inovam com propósito. Mas o caminho até aqui não foi — e ainda não é — simples.
Mulheres empreendedoras
Mulheres empreendedoras enfrentam diversos desafios que dificultam o crescimento de seus negócios. Entre eles, destaca-se a dificuldade de acesso a crédito e capital — quando conseguem financiamentos, geralmente são submetidas a altas taxas de juros.
Muitas possuem baixa escolaridade ou pouca formação em gestão, já que frequentemente iniciam seus empreendimentos por necessidade, sem preparo prévio em áreas como administração, finanças ou marketing.
Além disso, acumulam múltiplas funções, enfrentando jornadas duplas ou triplas que envolvem cuidados com o negócio, a casa e a família.
A falta de redes de apoio também é um obstáculo, já que networking, mentorias e parcerias são mais acessíveis aos homens. Soma-se a isso um ambiente ainda marcado pelo machismo estrutural e pela subvalorização do trabalho feminino.
Dificuldades
Por fim, muitas enfrentam dificuldades para formalizar e escalar seus negócios, que frequentemente permanecem na informalidade. Mesmo assim, elas constroem negócios resilientes, criativos e conectados com as reais necessidades da sociedade.
Empreender, para elas, vai além do lucro. É sobre criar impacto. Mulheres empreendedoras tendem a investir mais em educação, saúde e bem-estar de suas famílias e comunidades. Também são mais propensas a liderar com empatia, colaboração e visão de longo prazo.
Não à toa, segundo o relatório da Boston Consulting Group, startups lideradas por mulheres geram mais receita por investimento do que as lideradas por homens — mesmo recebendo menos aporte financeiro.
Esse cenário revela um enorme potencial ainda pouco explorado. Para avançar, é necessário fortalecer políticas públicas de incentivo, facilitar o acesso a linhas de crédito, ampliar espaços de formação empreendedora e promover redes de apoio entre mulheres.
Empreender não deve ser uma jornada solitária ou exaustiva. Precisa ser um caminho de crescimento, reconhecimento e liberdade.
Incentivar o empreendedorismo feminino é acreditar em um futuro mais justo, plural e inovador. Porque, quando uma mulher prospera, toda uma geração se transforma, pois metade do mundo e composto por mulheres e a outra metade são os filhos delas.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.