Foto: Freepik
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*Artigo escrito por José Mauro Rocha de Barros, diretor regional da Associação Brasileira dos Mentores de Negócios, sócio fundador da Sociedade Yotta. Conselheiro consultivo, membro do comitê Ibef Agro e do comitê qualificado de conteúdo de empreendedorismo e gestão do Ibef-ES.

O crescimento sustentável de empresas em economias ascendentes depende menos da capacidade de resposta a crises e mais da preparação para futuros possíveis.

No Espírito Santo, com sua economia robusta e bem distribuída entre agro (35% do PIB), indústria (32%) e serviços (33%), há um vasto campo de oportunidades para aplicação do Foresight Estratégico como instrumento de gestão e inovação.

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Mas o que é e por que dominar Foresight Estratégico (FE)? O FE não é previsão. É preparar-se para diferentes futuros possíveis e, a partir disso, construir capacidades antecipatórias.

Em vez de se adaptar ao inevitável, o FE permite influenciar o futuro com mais consciência. Métodos como cenários exploratórios, linhas do tempo de ruptura e sinalização antecipada já são usados por países nórdicos, como Singapura, Canadá e grandes empresas globais, mas são totalmente aplicáveis a negócios de médio porte, inclusive no Espírito Santo.

Foresight Estratégico

O método envolve práticas como o mapeamento de sinais fracos, construção de cenários, identificação de tendências emergentes e desenvolvimento de capacidades organizacionais adaptativas. Que permitem alinhar a tomada de decisão a longo prazo sem perder o foco em resultados consistentes no presente.

No Espírito Santo, os campos de aplicação são estratégicos. No agronegócio, o uso de FE permite alinhar tecnologia com sustentabilidade em cadeias tradicionais como a do café, da celulose e da pimenta-do-reino.

Na indústria, amplia-se a capacidade de antecipar mudanças regulatórias, reorganizar cadeias produtivas e reposicionar produtos para atender mercados mais exigentes.

Já no setor de logística, aliás, o FE viabiliza decisões estruturais sobre integração modal, digitalização e localização de hubs regionais, essenciais em um estado com cerca de 10 portos e gargalos rodo-ferroviários.

A implantação dessa abordagem exige também desenvolvimento de lideranças com mentalidade futura, aptas a ler sinais fracos. Além de sustentar decisões impopulares no presente e criar soluções além do padrão reativo.

Iniciativas locais voltadas à educação empreendedora com foco regionalizado — sendo assim, especialmente em polos como Cachoeiro do Itapemirim, Colatina, São Mateus e Linhares — podem acelerar esse processo de amadurecimento estratégico.

Fortalecimento de gestão

O FE fortalece a gestão por alargar o horizonte de visão e promover um planejamento menos dependente de projeções lineares ou históricos instáveis.

Ele contribui para ampliar a capacidade de inovação, proteger reputações, alinhar cultura organizacional com futuro desejado e reduzir o impacto de choques externos não previstos.

Nesse sentido, o empresário capixaba precisa abandonar o modelo reativo, voltado apenas para a demanda de hoje, e assumir o papel de protagonista de futuros desejáveis. O empreendedor visionário combina ação no presente com intenção no longo prazo.

Por fim, em tempos de IA, crises climáticas e transformações geracionais, o futuro não é mais um destino passivo — é uma construção estratégica que demanda coragem, método e visão de longo prazo. Quem não se preparar hoje estará fadado a reagir amanhã.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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