Empresas auditadas são mais atraentes para investidores?

*Artigo escrito por Ana Ivanovitch, contadora pela Ufes, senior associate na KPMG e membro do Ibef Academy.

O capital invisível que sustenta qualquer tipo de investimento é a confiança. Desde o início das relações comerciais, com registros manuais em livros, até as grandes corporações modernas, com registros em ERP, a confiança nas informações financeiras sempre foi um dos pilares essenciais para realizar a movimentação de capital.

No século XV, a contabilidade surgiu em meio à necessidade de registrar e mensurar com clareza as movimentações e o desempenho de uma atividade econômica. Alguns séculos depois, surgiu a auditoria independente como uma forma de assegurar a veracidade e atribuir confiabilidade às informações registradas por meio da contabilidade.

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Contabilidade como ferramenta estratégica

Com os passar do anos, mais do que comunicar as transações financeiras e cumprir com as obrigações legais, a contabilidade ganhou atribuições de uma ferramenta estratégica, que orienta decisões e posiciona empresas no mercado, sendo base para análise do desempenho empresarial no mundo inteiro.

Quando submetidas à auditoria independente, as informações contábeis ganham ainda mais relevância, já que contribuem para o desenvolvimento de estratégias de mercado que respondem às demandas de cada setor.

Sabe-se que em um mercado cada vez mais criterioso e exigente, possuir vantagens como créditos e financiamentos com taxas mais competitivas e aumento no valuation são diferenciais.

Esses fatores, que ganham destaque como diferenciais na tomada de decisão de um investimento de terceiros, são consequências diretas de uma cultura organizacional na qual a auditoria contábil é relevante – construída, é claro, sobre o alicerce de uma contabilidade organizada e estruturada.

Para além dos impactos financeiros, a auditoria serve como ferramenta para identificar, controlar e mitigar riscos operacionais, ineficiências e,até mesmo, esperdícios que ocorrem dentro dos processos internos de uma empresa. Dessa forma, sinaliza a maturidade e pode proporcionar melhorias na eficiência operacional.

Auditoria para empresas

No imaginário de muitos empresários, a auditoria ainda é vista como algo distante — quase inalcançável. Associada às chamadas Big Four (as quatro maiores firmas globais de auditoria: Deloitte, PwC, EY e KPMG), essa prática acaba sendo pintada como um serviço exclusivo para grandes corporações, com altos custos e pouca utilidade para negócios de médio porte ou em crescimento.

Essa percepção, no entanto, desconsidera o papel estratégico da auditoria como ferramenta de transparência, credibilidade e preparo para o mercado interno e externo. Quando esse serviço é colocado como apenas uma obrigação regulatória ou a um privilégio de companhias de grande porte, seu real potencial é subestimado.

Adaptação para empresas

É preciso adaptar o plano para a realidade de cada empresa. Por exemplo, ao invés de começar logo por um grande processo de auditoria, por que não começar com um diagnóstico contábil?

Um formato no qual os auditores fazem avaliação de pontos-chave da contabilidade, como reconhecimento de receitas e controle de estoques. Outra opção é uma revisão limitada, em que os auditores realizam entrevistas e comparações com períodos anteriores para as análises financeiras.

Essas alternativas são mais acessíveis, mais rápidas e já proporcionam uma visão técnica diferente do cotidiano da empresa.

A verdade é que quando aplicada de forma proporcional, essa prática se transforma em uma grande aliada ao fortalecimento da gestão, amadurecimento organizacional e construção de reputação no mercado.

Por fim, pode-se concluir que sim, empresas auditadas são mais atraentes para investidores pois, além dos atributos financeiros, também gera valor agregado no posicionamento estratégico dentro do mercado.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.