Foto: Freepik
Foto: Freepik

*Artigo escrito por Dyego Frasson – Advogado empresarial, Especialista em Ambientes de Negócios e operações de M&A, e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES.

A integração entre sustentabilidade corporativa e governança estratégica se consolidou como vetor de transformação no mercado imobiliário.

Leia também: Como liderar com Inteligência Artificial

Incorporadoras, construtoras e fundos de investimento entenderam que práticas ESG — quando ancoradas em políticas estruturadas, métricas auditáveis e metas vinculadas a desempenho — são fundamentais para ampliar margens. Além de mitigar riscos jurídicos e acessar capital a custos mais baixos.

No campo ambiental, os números são expressivos: de acordo com o World Green Building Council, edifícios são responsáveis por cerca de 39% das emissões globais de CO₂. Somando operação (28%) e materiais de construção (11%).

Projetos e desafios

Para enfrentar esse desafio, projetos certificados com selos como LEED, EDGE e AQUA-HQE se tornaram referência. Eles exigem eficiência energética de no mínimo 20% acima dos padrões legais.

Também rastreamento de materiais de baixo impacto e planos de gestão de resíduos que permitam atingir taxas de reciclagem de até 70%. Esta meta ainda está distante no Brasil, onde a média gira em torno de 20%, segundo a ABRECON.

Além disso, a economia circular vem ganhando força em canteiros de obras. Empreendimentos de alto padrão já incorporam contratos com cooperativas de reaproveitamento. Também plataformas de rastreabilidade digital e cláusulas de logística reversa para insumos como metais, madeira certificada e concreto reciclado.

Entretanto, essa prática garante redução de até 30% em custos de transporte e descarte de resíduos. Além de contribuir diretamente para o licenciamento ambiental e aceitação social.

O vetor social também avança de forma consistente. Estudo da Fundacentro indica que o setor da construção civil responde por mais de 25% dos registros de acidentes de trabalho no país.

Nesse sentido, incorporadoras alinhadas a políticas ESG robustas fixam metas de zero fatalidade, treinamentos obrigatórios e programas de gestão de saúde ocupacional que visam manter a taxa de frequência de acidentes abaixo de 2,0 por milhão de horas trabalhadas. O índice é considerado referência internacional pela OIT.

Além de proteger vidas, isso gera impacto financeiro direto. Como redução de sinistros, menos paralisações judiciais e maior engajamento de equipes em todas as fases do projeto.

Dados do GRESB Real Estate Benchmark indicam que empresas do setor que reportam métricas ESG de forma transparente e estruturada obtêm redução média de 10% no custo de capital.

Tecnologias e ESG

Além disso, têm 35% menos exposição a litígios ambientais e trabalhistas, graças a cláusulas de due diligence aplicadas a toda a cadeia de fornecedores.

A aplicação de tecnologia reforça esse ciclo virtuoso. Plataformas de rastreamento em blockchain já asseguram que 40% dos materiais críticos empregados em grandes obras tenham origem regularizada.

Este fator é determinante para aprovação de green bonds e obtenção de linhas de crédito indexadas a metas de desempenho.

Em síntese, o mercado imobiliário sustentável deixou de ser um ideal para se tornar uma realidade tangível, com políticas claras, indicadores mensuráveis e impacto financeiro comprovado.

Incorporadoras e construtoras que estruturam suas práticas ESG de forma integrada — do projeto à operação — não apenas cumprem marcos regulatórios, mas também protegem sua reputação, ampliam margens e se posicionam como protagonistas de um setor responsável por mais de 7% do PIB nacional.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

IBEF-ES

Entidade de utilidade pública

Instituto Brasileiro de executivos de finanças - Espírito Santo

Instituto Brasileiro de executivos de finanças - Espírito Santo