*Artigo escrito por Filipe Machado, engenheiro ambiental, diretor-geral na Mútua-ES, palestrante, autor de livros e membro do comitê qualificado de conteúdo de ESG do IBEF-ES
Nos últimos anos, o conceito ESG – sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança – ganhou protagonismo no discurso corporativo. A busca por empresas mais sustentáveis e conscientes é legítima, necessária e urgente. No entanto, é preciso fazer um alerta: ESG tem que dar resultado.
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O que se observa em muitos casos é uma corrida por posicionamento de marca e visibilidade em torno de causas sociais e ambientais, sem o devido cuidado com o equilíbrio financeiro. A essência do ESG está justamente no tripé da sustentabilidade: social, ambiental e econômico.
Não há sustentabilidade se a empresa não for economicamente viável. Não adianta ser verde, diversa inclusiva se não gera lucro, não se sustenta e acaba demitindo ou encerrando atividades.
O que acontece, então?
Quando os indicadores financeiros da empresa entram em declínio, o primeiro corte costuma ser nos investimentos em ESG. A área vira “custo supérfluo”. Esse movimento aconteceu com grandes companhias nos últimos anos.
A gigante Unilever, por exemplo, foi duramente criticada por focar excessivamente em propósitos sociais em detrimento da rentabilidade. Larry Fink, CEO da BlackRock que antes impulsionou globalmente a agenda ESG – recentemente mudou o tom, afirmando que ESG foi mal interpretado e virou ferramenta política.
Assim, o recuo de empresas como Disney, que anunciaram revisões de suas políticas de diversidade, mostra que ESG sem resultado é insustentável.
Outro erro frequente são as metas mal formuladas, desconectadas da realidade operacional. Muitas empresas embarcam em compromissos de carbono zero, diversidade de liderança e ações ambientais sem estrutura, sem orçamento compatível e sem estratégia clara.
Resultado? Metas não cumpridas, descrédito interno e desconfiança externa.
ESG como estratégia de negócios
No Espírito Santo, tem bons exemplos de empresas que estão fazendo diferente. Investem em ESG com planejamento, mensuração de indicadores e foco em geração de valor.
Implementam ações sociais alinhadas ao seu território, investem em inovação ambiental com impacto mensurável e mantêm o olhar atento à rentabilidade. ESG não pode ser moda ou slogan: precisa ser estratégia de negócios.
Portanto, é hora de colocar os pés no chão. O caminho do desenvolvimento sustentável não é romântico, é técnico. ESG não é sobre “abraçar árvores”, é sobre criar valor de longo prazo. É sobre contratar com diversidade, sim, mas também com competência.
É sobre reduzir impactos ambientais, mas também gerar lucro. ESG tem que dar resultado: social, ambiental e financeiro. Só assim será duradouro, respeitado e replicado.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.