*Artigo escrito por Fábio Pimenta, cirurgião plástico e médico do exercício, professor titular da UVV e do Instituto Paciléo em SP, membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do Ibef-ES.
A ciência já concluiu: para envelhecer com qualidade, é preciso abandonar o foco exclusivo nas doenças e investir na prevenção orientada para a saúde. Ainda assim, seguimos formando dezenas de milhares de médicos por ano no Brasil, alimentando um modelo hospitalocêntrico e reativo, cada vez mais voltado à prescrição de medicamentos.
A polifarmácia já é a terceira causa de internações nos EUA, reflexo de um sistema que lucra com a doença, o chamado complexo médico-industrial.
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Esse sistema, movido por interesses econômicos de laboratórios, planos de saúde, escolas médicas e Big Pharma corrompe a prática médica desde a formação, promove assédio institucionalizado e remunera mal seus profissionais, incentivando atendimentos rápidos e ineficientes.
A grande mídia, financiada pelo setor privado, reforça esse ciclo ao atacar o Sistema Único de Saúde (Sus), repercutindo suas falhas e omitindo seus acertos.
Remédios e vacinas
Apesar do avanço em fármacos, vacinas e suplementos, nenhuma doença crônica diminuiu. Pelo contrário, essas condições ainda são responsáveis por 78% das mortes no mundo.
E medidas primárias, como saneamento básico, seguem negligenciadas, por exemplo, metade da população brasileira não tem coleta de esgoto, gerando internações e despesas evitáveis, pois esses recursos poderiam ser utilizados na origem dos problemas, perpetuados por décadas.
Nem mesmo os médicos escapam ilesos: apresentam altos índices de adoecimento, exaustão e até suicídio acima da média da população, como retratado no livro “A Saúde dos Médicos no Brasil”. Uma médica pode viver até 21 anos a menos que uma mulher de outra profissão.
O modelo atual, centrado nas doenças, não funciona. Precisamos mudar urgentemente a lógica do cuidado: prevenir, transformar hábitos, cuidar de quem cuida. Viver mais não basta — é preciso viver melhor.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.