Economia

Implicações socioeconômicas das políticas de (in)segurança pública

Além de ser um problema social, obstáculos são gerados para o comércio, que precisa lidar com os prejuízos em decorrência da criminalidade

Implicações socioeconômicas das políticas de (in)segurança pública Implicações socioeconômicas das políticas de (in)segurança pública Implicações socioeconômicas das políticas de (in)segurança pública Implicações socioeconômicas das políticas de (in)segurança pública
Foto: Freepik

*Artigo escrito por Pedro Henrique Mariano, MBA em Controladoria e Finanças, consultor e executivo de Controladoria, Planejamento, Finanças, Orçamento, Resultado e Processos e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia do IBEF-ES.

A história do Brasil é marcada por inúmeras guerras, insurreições, conflitos e revoltas, de modo que é inegável a presença da violência na trajetória do país. No período colonial, dentre as motivações, havia as de cunho nativista, em desacordo com a administração portuguesa, e as separatistas, em busca da independência de Portugal.

O agente do governo, desde então, perpetua a ineficiência em estabelecer mecanismos e políticas públicas de segurança que garantam alguma tranquilidade na sociedade em relação às diversas formas de violência. Esse estado permanente de alerta reflete diretamente na qualidade de vida da população.

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A evolução desse cenário ao longo do tempo resultou em uma realidade com problemas sistêmicos e estruturais graves, que, além de impactar socialmente de forma negativa, também prejudicam o desenvolvimento econômico do país. 

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o Brasil entre os 10 países mais violentos do mundo.

Trata-se de um tema abrangente, em que para cada desdobramento cabe uma lente de aumento e ampla discussão em busca de soluções. 

Acima de achismos e polêmicas, dados demonstram as injustiças impostas às mulheres, à população negra, à população LGBTQIA+, aos povos nativos e aos pobres. 

Dado o propósito específico deste artigo, as reflexões seguintes abordarão outros aspectos da segurança pública.

Impactos no mercado e os agentes da economia

Além de ser um problema social, obstáculos são gerados para o comércio, que precisa lidar com os prejuízos em decorrência da criminalidade. 

A vulnerabilidade aos riscos pode influenciar a forma como as empresas conduzem os seus negócios, seja excluindo localidades para atuar ou contratando serviços de segurança e seguro patrimonial, impactando diretamente no orçamento dos empreendedores locais.

Os consumidores compartilham das consequências financeiras decorrentes da insegurança, sendo a principal delas a absorção dos custos das violências no preço final dos produtos. 

Pode-se entender esta situação como um dos motivos para que os preços de lojas on-line, os chamados e-commerces, sejam mais competitivos e se apresentem como uma alternativa para o comprador.

Para a OMS, dentre as causas mais comuns de violência estão a baixa escolaridade, situação de pobreza e o desemprego. Analisando mais profundamente, avalia-se reflexos na economia.

1. Baixa escolaridade: o acesso à educação de qualidade oferece às pessoas melhores oportunidades profissionais e, consequentemente, financeiras ao longo da vida;

2. Situação de pobreza: desenvolver o capital humano, por sua vez, aumenta a mobilidade social da população para melhores condições econômicas;

3. Desemprego: o mercado de trabalho pode ser usado como um termômetro da saúde da economia de um país.

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicou, nos últimos anos, textos para discussão e análise de impactos de programas de transferência de renda sobre a criminalidade. 

Contudo, entendendo a desigualdade social como fator que estimula a violência, não é prudente tratar esta como a única causa.

Como definiu o psicólogo americano Abraham Maslow, em seu artigo “A teoria da motivação humana”, publicado em 1943, as necessidades humanas são divididas em 5 categorias, em ordem: Fisiológicas, Segurança, Relacionamento, Estima e Realização Pessoal. 

Segundo esta teoria, as necessidades de níveis inferiores precisam ser atingidas para que as de níveis superiores surjam. Desse modo, o indivíduo realiza uma “escalada” na pirâmide para alcançar sua plena realização pessoal.

Foto: Pirâmide de Maslow

Desenvolver o capital humano, através de investimentos estruturados e massivos que assegurem os direitos básicos garantidos na Constituição, é uma forma de tratar, na origem, além do tema segurança pública, também a saúde, a educação e a alimentação. 

Faz-se necessário que o Estado forneça as condições para a formação do cidadão que trabalhará em prol da coletividade.

Através do incentivo e financiamento público de projetos sociais e programas de capacitação e desenvolvimento de habilidades para o mercado de trabalho, é possível atender a população que se encontra à margem da sociedade e que se enquadra no perfil apontado pela OMS. 

É preciso criar estratégias para a inclusão desses indivíduos no mercado de trabalho, tal como garantir que as futuras gerações tenham acesso à educação de qualidade desde a infância.

As crianças e os jovens ocuparão posições na pesquisa acadêmica, no mercado de trabalho e na política, bem como serão responsáveis pelas decisões que apontam os rumos da sociedade. 

Diante do exposto, é importante o entendimento de que a qualidade da colheita de futuros adultos está diretamente ligada à qualidade do plantio dos jovens de hoje.

IBEF-ES

Entidade de utilidade pública

Instituto Brasileiro de executivos de finanças - Espírito Santo

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