*Artigo escrito por José Mauro Rocha de Barros, diretor regional da associação brasileira dos mentores de negócios, sócio fundador da sociedade Yotta, conselheiro consultivo, membro do comitê Ibef Agro e do comitê qualificado de conteúdo de empreendedorismo e gestão do Ibef-ES.
Peter Drucker, no ano de 1954, publicou “The Practice of Management”, livro no qual introduziu o conceito de Gestão por Objetivos (MBO). Sua proposta era audaciosa: aliar metas claras à autonomia responsável, aproximando a racionalidade organizacional da sabedoria humana.
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Hoje, diante da ascensão da Inteligência Artificial, a proposta se reescreve: estar entre substituir a liderança humana, ou a torná-la mais essencial do que nunca.
O líder como peça central
Pesquisas recentes do Institute for the Future revelam que 98% dos líderes empresariais acreditam que a IA será fundamental para suas estratégias até o fim da década. Porém, o desafio não é apenas sobre automação e eficiência.
O desafio é reposicionar o líder, da centralidade operacional para a centralidade humana. Isso significa que a IA assumiria as tarefas analíticas, permitindo que o líder se concentre em empatia, propósito, visão e ética. É nesse equilíbrio que se posiciona o futuro da liderança.
Esse novo paradigma já se materializa em exemplos concretos. Nesse sentido, a plataforma DUB, criada em 2023, permite que qualquer pessoa acompanhe os investimentos de políticos e executivos, traduzindo dados públicos complexos em estratégias acessíveis, enfrentando menos riscos. Uma transparência como ferramenta de cidadania.
Em outro front, multiplicam-se os cursos que ensinam jovens adultos a “adultar”, gerenciar finanças, tomar decisões, saber lidar com frustrações.
No Brasil, programas como o Descomplica ou trilhas de capacitação do Sebrae sinalizam essa retomada das competências da maturidade. Afinal, liderar requer mais que saber: requer saber ser.
Benefícios das IA
Três dimensões mostram como a IA pode enriquecer o exercício da liderança: a decisão com precisão e contexto, onde a IA fornece dados em tempo real, mas cabe ao líder interpretar, contextualizar e decidir com responsabilidade.
A inteligência artificial não substitui o julgamento humano — ela o qualifica. Ferramentas como a IBM Be Equal revelam padrões de desigualdade e orientam decisões mais inclusivas, baseadas em evidências.
Ao automatizar tarefas operacionais, a IA libera tempo e energia do líder para focar no essencial: pensar estrategicamente, aprender continuamente e fortalecer vínculos reais com sua equipe. Esses são os pilares de uma liderança transformadora.
No livro “Leaders Make the Future“, Bob Johansen afirma: liderar na era da IA exige clareza, empatia e imaginação estratégica. O líder do futuro não será o que sabe mais, mas o que escuta melhor, aprende mais rápido e decide com mais consciência.
Por fim, como ensinava Drucker: “A cultura come a estratégia no café da manhã”. No século XXI, podemos ir além: “a cultura floresce onde a tecnologia está a serviço da humanidade”.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.