
*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora e consultora empresarial como foco em gestão estratégica, liderança & inclusão. Especialista em neurodiversidade. Membro do comitê qualificado de conteúdo de empreendedorismo e gestão do Ibef-ES.
Em um cenário corporativo que ainda carrega fortes traços de desigualdade de gênero, a presença feminina em cargos de liderança tem avançado, mas ainda está longe de ser equitativa.
Embora as mulheres representem quase metade da população economicamente ativa, sua participação nos níveis estratégicos das organizações permanece restrita.
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Um estudo da FIA Business School, que analisou 150 mil colaboradores de 150 grandes empresas brasileiras, revela que as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança. Um índice que se mantém estável em relação ao ano anterior.
No entanto, quando se trata da alta liderança, a participação feminina cai para apenas 28%, segundo dados da Forbes. Isso mostra que, embora estejam presentes em posições gerenciais, o avanço até os cargos mais decisórios permanece lento.
Lideranças femininas
Segundo a revista EXAME, um levantamento feito pela Diversitera — com dados de 70 empresas e mais de 90 mil respondentes entre 2022 e 2025 — aponta 35% de representação feminina na alta liderança, confirmando que o crescimento tem sido tímido.
Além disso, esse estudo revela uma desigualdade salarial de cerca de 21% a 25% entre homens e mulheres em posições equivalentes, e que mulheres recebem 20% menos promoções ao longo de suas carreiras.
De acordo com a IstoÉ Mulher, quando se trata das maiores empresas listadas no Ibovespa, a realidade é ainda mais dura. Apenas 4,8% dos CEOs são mulheres, e apenas 5 empresas têm mulheres à frente dos conselhos de administração.
Adicionalmente, 36% das empresas analisadas não contam com nenhuma mulher na diretoria executiva, e 79,5% têm menos de 30% de presença feminina nos conselhos.
Ainda segundo a IstoÉ Mulher, globalmente, o Brasil está em 10º lugar entre 28 países no índice de mulheres em cargos de liderança, com 37% de presença. Ainda que abaixo do recorde de 39% registrado antes de 2023.
Desafios
Mesmo com exemplos inspiradores de lideranças femininas no Brasil, como Luiza Trajano, do Magazine Luiza, e Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, o caminho para aumentar os nomes de mulheres à frente de grandes empresas ainda é árduo.
Para ampliar a presença feminina em posições de liderança, é essencial aprimorar as metas de governança. Estabelecendo indicadores claros, objetivos de diversidade e vinculando-os ao desempenho e à remuneração dos líderes.
É preciso viabilizar mentorias e patrocínios por meio de programas formais que conectem mulheres a mentores experientes e líderes influentes. Também é fundamental praticar a transparência salarial, realizando auditorias regulares para identificar e corrigir diferenças injustificadas.
Além disso, promover uma cultura inclusiva, com treinamentos, redes internas de apoio e políticas de flexibilidade que considerem as demandas fora do ambiente de trabalho, fortalece o avanço.
E, sobretudo, garantir apoio à maternidade, com políticas robustas de licença, retorno e amparo à parentalidade. Especialmente nos níveis estratégicos, é um passo decisivo para que o número de mulheres em cargos de liderança cresça de forma consistente.
Quando uma mulher prospera, toda uma geração se transforma, pois metade do mundo são mulheres e a outra metade são os filhos delas.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.