
*Artigo escrito por Hugo Paradella, economista, coordenador financeiro, membro do Ibef Academy e do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia e Finanças do Ibef-ES.
O mercado de capitais brasileiro vem se consolidando como uma importante fonte de financiamento da economia. Cada vez mais empresas buscam recursos financeiros para financiar a expansão de suas operações, investir em novos projetos ou até mesmo para reforçar o caixa de seus negócios, por meio de ofertas públicas.
De acordo com dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em 2024 houve um recorde de captações, um total de R$ 786,4 bilhões.
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Um dos principais fatores de crescimento sustentável de uma economia é a geração de poupança interna consistente, viabilizando investimentos destinados ao setor produtivo.
É nesse contexto que emerge o mercado de capitais, um ambiente em que as empresas buscam financiamento emitindo títulos e, na outra ponta, estão os investidores que aplicam seus recursos nesses ativos em busca de rentabilidade.
Isso reduz a dependência de subsídios públicos ou crédito bancário, ampliando o leque de opções de financiamento. Além de impulsionar boas práticas de governança, transparência e profissionalização da gestão das empresas.
Nos últimos anos, de acordo com dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), ocorreu um aumento significativo no volume de emissões no mercado de capitais. Entre 2019 e 2024, o crescimento médio foi de 20,9%, liderados pelos ativos de renda fixa.
Essa expansão foi potencializada pelos fundos de investimento, que tiveram uma alta relevante em seu patrimônio líquido e um incremento na quantidade de investidores. Junta-se a isso a consolidação de plataformas de produtos financeiros, que democratizou o acesso dos pequenos investidores a títulos de renda fixa não bancários.
Mercado de captais X economia
A relação entre o mercado de capitais e a economia real tem se tornado mais evidente, especialmente com a diversificação dos instrumentos ofertados. O reflexo mais expressivo desse movimento é a parcela dos ativos de renda fixa como fonte de financiamento das empresas não financeiras do país.
Dados de dezembro de 2024 do Banco Central demonstram que as debêntures, notas comerciais, CRI, CRA e direitos creditórios do FIDC representam 31,6% do crédito para essas empresas. O crescimento é relevante: em 2017, essa parcela correspondia a 16%.
Além disso, apesar do crescimento e da modernização do mercado de capitais, ainda existem desafios relevantes. Muitas empresas ainda enfrentam obstáculos relacionados à governança e à qualidade das informações prestadas ao mercado.
Melhorar esses aspectos é essencial para ampliar o número de companhias aptas a captar recursos com investidores institucionais e individuais.
O mercado de capitais não é apenas um ambiente de negociação — é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico, pois conecta o capital privado às reais necessidades de investimento do país.
Fortalecê-lo é, portanto, um caminho inteligente e sustentável para impulsionar o crescimento, fomentar a inovação e reduzir a dependência do financiamento público.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.