Artigo Ibef-ES

Os impactos da reforma tributária e caminhos possíveis

Gestores precisam liderar estratégias de adaptação à nova lógica tributária para preservar arrecadação e garantir serviços públicos

Foto: Freepik
Foto: Freepik

*Artigo escrito por Aylton Dadalto, vereador de Vitória, advogado e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do Ibef-ES.

A reforma tributária é uma necessidade econômica crucial e integra um conjunto de reformas estruturais essenciais para o desenvolvimento do país e a atração de investimentos. Embora seja uma pauta debatida no Congresso Nacional, suas implicações afetam diretamente os municípios, especialmente no que diz respeito à competitividade, à atratividade de empresas e à geração de empregos.

O debate sobre as mudanças propostas e seus efeitos na arrecadação municipal é imprescindível. Vitória responde por aproximadamente 20% do PIB do Espírito Santo, sendo que o setor terciário contribui com cerca de 60% desse valor.

LEIA TAMBÉM: Accountability na transformação digital: da ideia ao resultado real

Por isso, é fundamental compreender como a reforma tributária impactará a segurança fiscal do município.

Reforma tributária e Espírito Santo

O Espírito Santo é, proporcionalmente, o estado com o maior índice de municípios considerados “perdedores” pela nova sistemática: cerca de 60% deles — que concentram aproximadamente 70% da população capixaba — podem sofrer perdas significativas de arrecadação. Com base em dados de 2022, essas perdas podem alcançar até 30,1%.

Segundo analistas, as implicações para os municípios poderão ser severas durante os 50 anos de transição, sendo o Espírito Santo um dos estados com as menores projeções de crescimento de receitas líquidas no país.

Mesmo no cenário mais otimista, o PIB capixaba teria um crescimento anual médio de 1,9%, abaixo da média nacional prevista de 2,5%.

Gestão pública

Diante desse contexto, a gestão pública precisa liderar o debate sobre os impactos da reforma e construir alternativas capazes de redirecionar o futuro de Vitória.

Para garantir a eficácia na implementação de políticas públicas e programas governamentais, é essencial estabelecer metas claras e mensuráveis em diferentes horizontes temporais: curto, médio e longo prazo.

Um dos principais fatores que explicam o impacto negativo para o Espírito Santo é a forma como o consumo é registrado no estado.

A proposta da reforma transfere a cobrança do imposto para o local de consumo, por meio da criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Com isso, a arrecadação passa a ser feita onde ocorre o consumo final do bem ou serviço, e não mais onde foi produzido ou comercializado.

Essa mudança na lógica arrecadatória favorece os estados e municípios consumidores, em detrimento dos produtores.

Nesse novo cenário, os gestores públicos devem adotar estratégias que permitam acompanhar os efeitos da reforma ao longo do tempo e realizar os ajustes necessários. Promover a produção e o consumo local é uma alternativa viável para mitigar os impactos.

Parcerias público-privadas

Outra ferramenta importante é a celebração de parcerias público-privadas (PPPs), que podem gerar uma série de benefícios: redução dos gastos públicos, compartilhamento de riscos, combinação de competências do setor público e privado e acesso a fontes de financiamento adicionais.

Além disso, as PPPs podem melhorar a eficiência da gestão de serviços públicos, com a introdução de práticas inovadoras e a otimização de processos.

Também é essencial criar incentivos para fomentar a produção dentro do município. Esses incentivos podem envolver a concessão de benefícios fiscais, a simplificação de procedimentos burocráticos, investimentos em infraestrutura e oferta de capacitação profissional.

Dessa forma, o objetivo é criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico, atraindo investimentos, gerando empregos, aumentando a arrecadação de tributos e reduzindo os impactos da Reforma Tributária.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

IBEF-ES

Entidade de utilidade pública

Instituto Brasileiro de executivos de finanças - Espírito Santo

Instituto Brasileiro de executivos de finanças - Espírito Santo