*Artigo escrito por Juliana Frasson, administradora, empreendedora, consultora empresarial com foco em gestão estratégica, liderança e inclusão. Membro do CQC de empreendedorismo e gestão do Ibef-ES.
Pela primeira vez na história do Brasil, dados demográficos tão densos são produzidos sobre as pessoas com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).
“Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país possui 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com o transtorno, o que representa 1,2% da população. Para obter esses dados, o instituto perguntou aos participantes da pesquisa se haviam recebido o diagnostico por algum profissional de saúde.”
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Mediante a análise dos dados, o órgão constatou o que já acontecia em outros países: a prevalência de casos é maior entre homens, cerca de 1,5% da população masculina, do que entre as mulheres, cuja prevalência é de 0,9% da população feminina.
Outro fator relevante é que a maioria das pessoas diagnosticadas são crianças. Em média, 2,6% delas têm entre 5 e 9 anos de idade, o que indica uma prevalência cada vez mais precoce do autismo.”
Considerando o regionalismo, Sudeste (1,048 milhões de pessoas) foi a região que concentrou o maior número de pessoas diagnosticadas. Em seguida vem o Nordeste (633 mil pessoas) e posteriormente pelo Sul (mais de 348 mil pessoas).
Aumento de estudantes com TEA
Outro dado importante foi o aumento no número de estudantes com TEA matriculados nas escolas entre 2023 e 2024.
O país saiu de 636.202 para 918.877, representando 1,8% de todos os estudantes. Resumidamente, a cada 38 pessoas entrevistadas, uma teve diagnostico de TEA, no censo de 2022.
Analisar dados tão concisos remete a ponderação sobre o quão preparada a sociedade está para receber de forma adequada, as pessoas neurodivergentes.
O transtorno do espectro do autismo possui características diversificadas, que podem variar entre níveis de suporte 1, 2 e 3. Geralmente incluem dificuldades na comunicação, na interação social, interesses restritos e comportamentos repetitivos.
Todas as áreas que podem ser afetadas influenciam drasticamente como aquela pessoa viverá entre outras pessoas e quais dificuldades ela poderá enfrentar ao procurar fazer isso.
Como dito anteriormente, a maioria das pessoas diagnosticadas são crianças, o que remete a necessidade de um olhar cauteloso para a primeira infância. Essa etapa é a de maior neuroplasticidade e, por isso, fundamental para o desenvolvimento humano.
Inclusão e acessibilidade no Brasil
A descoberta precoce do TEA permite intervenções mais eficientes, que, por sua vez, podem melhorar drasticamente a qualidade de vida dessas crianças e seus familiares.
Para isso, é necessário um trabalho conjunto entre profissionais da saúde, educadores, escolas e o governo, a fim de garantir uma inclusão verdadeira — não apenas no ambiente escolar, mas em todos os espaços sociais.
Por fim, os dados divulgados pelo IBGE são um marco importante para o avanço das discussões sobre inclusão e acessibilidade no Brasil. A partir deles, torna-se possível pensar em políticas públicas mais assertivas.
O transtorno de neurodiversidade não abandona a pessoa após a infância, ou seja, o adulto neurodivergente também precisará de adequações sociais que possibilitem a ele viver com respeito e dignidade.
Reconhecer a neurodivergência como parte da humanidade é um passo essencial para construção de um país mais justo, empático e inclusivo para todos.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.