Economia

Josué pode apaziguar conflitos na Fiesp

Josué pode apaziguar conflitos na Fiesp Josué pode apaziguar conflitos na Fiesp Josué pode apaziguar conflitos na Fiesp Josué pode apaziguar conflitos na Fiesp

Definida a eleição para a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), começam as apostas para saber como ficará a gestão da mais importante entidade empresarial paulista a partir de 2022 – quando assume a nova diretoria. Eleito em chapa única, o empresário Josué Gomes da Silva, da Coteminas, é visto por seus pares como alguém que terá de aparar as arestas com os representantes que entraram em conflito com o atual presidente, Paulo Skaf (no cargo há quase 18 anos), e também com apoiadores que não concordavam com um suposto foco na política adotado por ele.

Segundo pessoas ouvidas pelo Estadão, o novo presidente tem um perfil que agradaria a diferentes alas dentro da federação. Presidente da Coteminas desde 1994, Josué é um empresário respeitado, além de ser visto como uma pessoa que consegue criar consenso. Antes da Fiesp, ele já comandou a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, da qual ainda é presidente emérito, e também o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Mais recentemente, o empresário também liderou o Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos. O atual copresidente do grupo, Marco Stefanini – que é o CEO da empresa de tecnologia Stefanini -, acredita que Josué tem o perfil necessário para dar uma atualizada na Fiesp.

“É um empresário de sucesso, com vivência internacional que muitos empresários não têm e possui habilidade política em sentido mais agregador. Ele sabe ouvir”, afirma Stefanini.

Política

Josué Gomes da Silva também é visto por alguns representantes do setor como uma possível “ponte” para aproximação da entidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje primeiro colocado nas pesquisas para a eleição presidencial do próximo ano. Em maio, durante a campanha interna para o pleito na Fiesp, o empresário precisou divulgar um vídeo negando que, seguindo os passos do pai, o ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011), também integraria uma eventual chapa encabeçada pelo petista.

Já o atual presidente da Fiesp é descrito por diretores da entidade como um camaleão político. Desde o seu início na Fiesp, Skaf se aproximou de todos os presidentes da República, de Lula a Jair Bolsonaro. Apoiadores de Skaf, no entanto, afirmam que o cargo da Fiesp é extremamente político, então faz sentido essa aproximação com o poder.

“O lado político sempre vai estar presente, mas sempre esperamos que esse trabalho seja feito sem prejudicar as decisões e discussões relacionadas à indústria”, afirma um presidente de associação, que acredita que Skaf ainda terá bastante influência na gestão de Josué.

Em entrevista ao Estadão logo após o pleito, Skaf afirmou que sairá da Fiesp por decisão própria e com a sensação de missão cumprida e que tem a oposição de “duas ou três pessoas”.

José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que tentou montar uma chapa rival à de Josué, é um desses oposicionistas. Mas ele se diz aberto ao diálogo. “A eleição acabou. Meu partido é a indústria. Espero que ele (Josué) faça uma boa gestão e, onde eu puder ajudar, vou ajudar.”

A indústria está longe dos seus melhores momentos. Em 2020, o segmento de transformação encerrou o ano com uma participação de 11,3% no PIB, movimentando R$ 727,6 bilhões – a agropecuária, por exemplo, ultrapassou o setor.

Para Rodrigo Navarro, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, é necessária uma aproximação com o setor em todo o Estado. “É preciso uma renovação na abordagem para que a indústria volte a ser reconhecida como um dos pilares de geração de emprego”, afirma Navarro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.