Mercado de Trabalho

A IA vai redefinir postos de trabalho, mas ela não é tão neutra assim...

A IA vai redefinir postos de trabalho, mas ela não é tão neutra assim...

A IA chegou para otimizar funções mais básicas e repetitivas, tudo que puder ser estruturado, repetitivo e com alterativas mapeadas podem ser facilmente substituídas. E um estudo apresentado nas últimas semanas pela ONU em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho acenderam um novo alerta sobre as desigualdades que isso pode gerar aumentando a polarização de habilidades. E quem está na linha de frente dessa exclusão? Sim, as mulheres.

Segundo o estudo, funções tradicionalmente ocupadas por mulheres, como atendimento, rotinas administrativas, secretariado e apoio, estão entre as mais vulneráveis à substituição por IA. Na prática isso significa que as mulheres têm até três vezes mais chances de perder seus empregos para a tecnologia em comparação aos homens. No Brasil, estima-se que 37% dos postos de trabalho estão expostos à IA, com um risco de substituição maior justamente entre mulheres e jovens profissionais urbanos.

Mas este artigo não é sobre medo. É sobre empregabilidade, uma questão que está aquém do emprego.

Essa redução de mulheres em cargos de apoio que em um primeiro momento é visto como uma possível economia pode custar caro — não só para quem perde oportunidades, mas para as empresas que deixam de construir ambientes diversos, inovadores e sustentáveis.

Pois sabemos que a diversidade de gêneros trás ganhos diretos a organização.

Empresas que querem prosperar precisam de líderes atentos à transformação digital, sim. Mas também precisam de líderes dispostos a garantir que essa transformação não exclua quem historicamente já teve menos acesso.  O que pode impactar na imagem e também nos resultados.

Por isso requalificar mulheres, redesenhar processos com inclusão de gênero, abrir espaço para vozes plurais nas decisões sobre tecnologia. Isso não é apenas justo. É estratégico.

Quem lidera precisa entender que o futuro do trabalho exige mais do que atualização de sistemas: exige atualização de mentalidade.

Já abordei em um artigo anterior (https://www.folhavitoria.com.br/economia/mercado-de-trabalho/lideranca-com-proposito-o-papel-de-transformacao/) que o futuro trás como exigência a comunicação, a empatia e a construção de espaços de troca. Habilidades naturalmente presentes no universo feminino.

Portando antes de pensar apenas na economia de forma fria, devemos considerar que empresas humanizadas têm apresentado melhores resultados.

Sabemos que conforme a sociedade se reestrutura ela tende a buscar aquilo que sente falta e considerando a busca cada vez maior pela “humanização das marcas” atrair e manter mulheres em funções de frente, não é só uma “pauta social” é estratégia empresarial.

Roberta Kato

Empresária, consultora de desenvolvimento organizacional, palestrante e mentora de líderes. Administradora, psicanalista e psicopedagoga, Roberta também tem pós-graduação nas áreas de Gestão de pessoas, Gestão de Projetos e Extensões em Inteligência Emocional e ESG.

Empresária, consultora de desenvolvimento organizacional, palestrante e mentora de líderes. Administradora, psicanalista e psicopedagoga, Roberta também tem pós-graduação nas áreas de Gestão de pessoas, Gestão de Projetos e Extensões em Inteligência Emocional e ESG.