A palavra liderança pode ser empregada em diversos sentidos a depender do objetivo que se deseja atingir. No mundo corporativo, liderança pode ser traduzida como o conjunto de habilidades pessoais, de caráter técnico, emocional ou interpessoal, aplicadas a uma visão empresarial para motivar e inspirar colaboradores no cumprimento de um objetivo comum.

No entanto, quer sejam líderes de negócios ou líderes de pessoas, a prova de fogo está em como a liderança é exercida diante de pressões. O que se vê, frequentemente, é o líder que cede ao imediatismo, abrindo mão de valores em troca de ganhos rápidos. O que não se vê são as consequências silenciosas dessa escolha: a perda de confiança da equipe, a erosão da cultura organizacional, conflitos internos com adoecimento emocional, além do enfraquecimento da credibilidade perante o mercado.

Um líder que se mantém firme em seus princípios, mesmo quando isso implica enfrentar resistências ou abrir mão de oportunidades tentadoras, transmite uma mensagem poderosa: há coisas que não estão à venda. Esse posicionamento cria um ambiente de confiança, onde colaboradores entendem que o discurso é sustentado por prática, e clientes percebem que estão lidando com uma instituição sólida.

É verdade que muitas vezes os resultados imediatos parecem mais sedutores. Cortar um caminho, aceitar um atalho ou fechar os olhos para uma falha pode trazer alívio momentâneo, mas raramente é sustentável. A liderança principiada exige visão de longo prazo, coragem para nadar contra a corrente e discernimento para distinguir entre o que é conveniente e o que é correto.

O que não se vê, na prática, é o capital reputacional que se acumula quando decisões são tomadas com base em valores. Esse patrimônio intangível protege a empresa em momentos de crise, fortalece as relações institucionais e garante que a marca se mantenha respeitada mesmo em cenários de adversidade.

Liderança e Valores

A fidelidade a princípios, no entanto, não significa rigidez cega. Liderar com valores é também saber equilibrar firmeza com adaptabilidade. O que se preserva é o núcleo ético inegociável; o que pode se ajustar é a forma como esses princípios são aplicados diante de diferentes contextos.

Essa sutileza diferencia líderes de chefes: o primeiro inspira, dá o exemplo no cotidiano, escuta e observa atentamente as necessidades da organização, alinhando-as aos interesses dos liderados; o segundo, por sua vez, apenas impõe tarefas, concentrando a comunicação em verbos imperativos e deixando de indicar o caminho, pois acredita que o óbvio não precisa ser dito.

Outro aspecto invisível, mas decisivo, é o efeito multiplicador da liderança ética. Quando o líder abre mão de princípios, mesmo em pequenas situações, sinaliza que todos podem fazer o mesmo. Isso gera permissividade, fragmenta a cultura empresarial e enfraquece o senso de pertencimento. Já a postura firme, ainda que desconfortável no curto prazo, cria coesão e senso de propósito entre os colaboradores.

A Visão de Jack Welch sobre Liderança

Em que pese os princípios e valores serem vinculados diretamente às escolhas pessoais e, por isso, deve haver uma visão particular do leitor sobre a reflexão proposta, Jack Welch, considerado o maior CEO do século, durante o período de 21 anos em que esteve à frete da General Eletric, defendia que líderes verdadeiros precisavam unir coragem e autenticidade, evitando concessões que comprometessem valores essenciais.

Para ele, um exemplo vívido de liderança austera, a liderança sólida não é medida apenas por métricas de curto prazo, mas pela construção de uma cultura organizacional baseada em integridade, meritocracia e clareza de propósito, exatamente os elementos que garantem a longevidade e a credibilidade de uma empresa. O modo como se trata os colaboradores, os fornecedores e até os pares, como se encara uma negociação difícil, ou como se responde a crises revela mais sobre a liderança do que qualquer discurso formal

Liderança e Resultados

Afinal, uma empresa é criada para gerar lucros, e esses resultados são alcançados por meio de pessoas. Quando se compreende tal afirmação, torna-se evidente que a qualidade da liderança no sentido amplo na palavra, bem como a capacidade de promover bem-estar e felicidade no ambiente de trabalho e, consequentemente, entre os colaboradores, está diretamente ligada aos resultados das organizações.

Por fim, a liderança que não abre mão de princípios deixa um legado. Não é apenas sobre manter-se coerente em um cargo, mas sobre construir uma história empresarial que inspire confiança em clientes, orgulho em colaboradores e respeito em concorrentes. A vida empresarial, nesse prisma, não se mede apenas por resultados financeiros, mas pelo valor que se perpetua nas gerações futuras.

Efigenia Márlia Brasilino de Morais Cruz

Colunista

Associada do Instituto Líderes do Amanhã

Associada do Instituto Líderes do Amanhã