
Quando até o estágio exige experiência prévia o primeiro passo fica restrito ao mesmo lugar.
Durante muito tempo, o caminho parecia claro: estudar, conquistar uma oportunidade inicial, aprender na prática e crescer. Era uma escada previsível, que unia educação, trabalho e conquista. Mas o primeiro degrau desapareceu.
Hoje, 54% dos recém-formados estão subempregados, segundo o Burning Glass Institute (2024). As vagas de entrada diminuíram, os programas de trainee rarearam, e o mercado passou a exigir experiência até para posições de júnior.
A automação ocupou o lugar do aprendizado prático.
O software faz o que antes o jovem fazia para aprender.
E sem treino, não há experiência.
Sem experiência, não há oportunidade.
A combinação de: automação, enxugamento de equipes e pressa por resultados transformou o início da carreira em um desafio complexo.
A curva de aprendizado que antes acontecia dentro das empresas, foi deslocada para fora delas. A tecnologia assumiu as tarefas operacionais, mas levou embora as oportunidades de aprender fazendo, criando um vácuo: as organizações precisam de talentos prontos, mas não oferecem o espaço para formá-los.
Para os jovens esse filtro gera uma exclusão com consequência emocional, onde milhares de jovens qualificados postergam a independência financeira e sentem que o futuro “não começou”. Ao mesmo tempo em que querem uma ascensão rápida e bons salários, sem experiência prévia.
Essa equação tem custo humano. Adia sonhos e cria um sentimento coletivo de impotência.
Estamos todos parados no mesmo lugar.
Um cenário exige uma mudança de mentalidade e de responsabilidade.
As empresas que entenderem o valor de recriar os degraus de entrada sairão na frente. Programas de estágio e trainee reais, mentorias internas e trilhas de aprendizado que devolvam o protagonismo ao ser humano serão o diferencial competitivo da próxima década. Onde as empresas se tornam escolas.
E, para os jovens, o desafio é outro: aprender a criar caminhos próprios. Projetos reais, uso inteligente da inteligência artificial e participação em comunidades profissionais são novas formas de construir experiência mesmo sem o crachá.
Cabe às organizações reabrirem as portas e a cada jovem, seguir batendo com coragem, propósito e criatividade.
0 futuro se constrói no hoje, mas ainda são os jovens o futuro de qualquer organização.