Mar 2024
19
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

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porTiago Pessotti

Brasil registra fluxo cambial positivo de US$ 218 mi em fevereiro, diz BC

No ano, o índice acumula alta de 1,09% e nos últimos 12 meses, de 4,49%, acima dos 4,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2023, o IPCA-15 foi de 0,76%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito registraram alta em fevereiro. O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo grupo Educação, com alta de 5,07% e impacto de 0,30 ponto percentual no índice geral. O grupo foi puxado pelos cursos regulares, que tiveram alta de 6,13%.

Mudando de assunto, na semana passada, o panorama para os mercados emergentes não se mostrou tão favorável quanto para os desenvolvidos, principalmente devido a uma queda nos preços das commodities, o que impactou negativamente os termos de troca. No Brasil, por exemplo, observou-se uma desvalorização de cerca de 10% no preço da soja ao longo da semana.

O Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$ 218 milhões em fevereiro até o dia 16, em movimento puxado pela via comercial, informou nesta quinta-feira (22) o Banco Central. Pelo canal financeiro, houveram saídas líquidas de US$ 1,172 bilhão em fevereiro até dia 16. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.

Pelo canal comercial, o saldo de fevereiro até o mesmo período foi positivo em US$ 1,389 bilhão. Na semana passada — que teve três dias úteis para o câmbio em função do carnaval, de 14 a 16 de fevereiro — o fluxo cambial total foi positivo em US$ 212 milhões. No acumulado do ano até 16 de fevereiro, o Brasil registra fluxo cambial total positivo de US$ 5,421 bilhões. No mesmo período do ano passado, o fluxo estava positivo em US$ 9,137 bilhões.

Um destaque positivo foi a divulgação da arrecadação federal de tributos de janeiro de 2023, que atingiu 280,6 bilhões no mês, o maior resultado para janeiro desde 1995, considerando os efeitos das medidas arrecadatórias aprovadas no final do ano. Em relação às contas públicas, o Governo Federal optou por cumprir o calendário de pagamento de emendas estabelecido pela LDO, que deve totalizar R$44,7 bilhões até o fim do ano.

Com sinais iniciais positivos em fevereiro em relação à arrecadação, espera-se que o primeiro relatório bimestral da avaliação de receitas e despesas do governo, a ser divulgado na segunda quinzena de março, não indique a necessidade de contingenciamento. Isso levaria à postergação do primário para este ano, uma notícia positiva que já vem sendo incorporada nos preços nas últimas semanas.

No entanto, o cenário de contingenciamento ficaria mais arriscado caso haja algum revés nas negociações sobre a reoneração da folha de pagamento, enviada via MP no final do ano passado, o que levaria o tesouro a adicionar nas suas contas as despesas relacionadas à desoneração que não constam hoje no orçamento neste primeiro relatório.

No âmbito político, Lula se reuniu na sexta-feira, aparando várias arestas, onde o governo concordou com o pagamento de emendas parlamentares de acordo com um cronograma, no formato estabelecido pela LDO, mesmo que tenha sido vetado pelo presidente da República.

Isso garante que os recursos serão pagos antes do início da campanha eleitoral e sem preferências políticas em seu desembolso. A expectativa é que o veto à LDO não seja mais derrubado, evitando uma cadeia de eventos de valência negativa e o consumo de calendário legislativo.

Do ponto de vista mais geral, o Executivo manteria seu controle nominal sobre este aspecto da gestão orçamentária. Da agenda original de janeiro, restariam vigentes apenas o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), que seguiria na MP da reoneração, e a limitação para compensações tributárias.

Quanto à agenda desta semana, destaca-se o PIB (sexta-feira) e a inflação (IPCA-15 de fevereiro), além da temporada de balanços. Haddad aproveita a reunião desta semana de ministros de Finanças e presidentes dos BCs do G20, em São Paulo, para propor a taxação global dos super-ricos.

PMI composto dos EUA sobe para maior patamar em 7 meses

Em relação aos dados divulgados na semana passada, é digno de nota o PMI nos EUA, que atingiu um nível mais elevado. Contudo, internamente, os componentes de preços mostraram-se mais estáveis. Na Europa, o PMI indica uma recuperação, embora a parte de preços tenha registrado uma leve queda em comparação com o mês anterior.

Os discursos dos membros dos bancos centrais continuam a enfatizar a cautela e a paciência em relação aos cortes de juros, tanto para o FED quanto para o ECB. Vale destacar o discurso de Waller, que, em minha opinião, foi mais hawkish do que seu último pronunciamento, adotando um tom significativamente diferente. Apesar dos dados completos do PCE terem mostrado melhorias no final do ano, Waller concentrou-se, desta vez, nos dados de atividade mais fortes e resilientes. O título do paper era: “Qual a pressa?”, referindo-se à ansiedade do mercado em precificar ou antecipar cortes de juros.

Na minha perspectiva, houve um erro de comunicação por parte do FED, levando o mercado a precificar erroneamente um início iminente de cortes de juros. Powell, na reunião de dezembro, tentou transmitir a mensagem de desvincular o início dos cortes de juros dos dados de atividade, dando a impressão de que seria benéfico (soft landing). No entanto, o ponto crucial é que um “soft landing” não combina com cortes de juros mais cedo, mas sim mais adiante.

A divulgação da Ata do FOMC apresentou uma visão neutra em comparação com a coletiva de imprensa do FED. Destacou a necessidade de confiar no processo de desinflação em direção à meta de 2% e apontou os riscos inflacionários no curto prazo. Além disso, o comitê mencionou que na próxima reunião, será amplamente discutida a possibilidade de redução do ritmo do Quantitative Tightening, em meio a preocupações sobre perdas de liquidez.

Quanto à agenda desta semana, o destaque é o PCE de janeiro (quinta-feira), considerado pelo Fed como o termômetro mais confiável para a inflação nos EUA. Se vier forte, o indicador fortalecerá a perspectiva de adotar uma abordagem cautelosa nesta “última milha” da inflação, ampliando a aposta consolidada para o primeiro corte de juros apenas em junho. Um dia antes do PCE, será divulgado o PIB do quarto trimestre nos EUA (quarta-feira).

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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