Abr 2021
28
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Abr 2021
28
Tiago Pessotti
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porTiago Pessotti

Síntese dos números divulgados no balanço

Os resultados positivos da Vale já eram esperados, ressalta-se que há números operacionais excepcionais. O lucro líquido foi de US$ 5,546 bilhões, em alta de 650% na comparação trimestral e de 2.221% na comparação anual, um lucro de US$ 1,11 por ação.

Já o EBITDA, que representa o quanto a empresa lucrou antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização, foi de US$ 8,5 bilhões. Isso representa uma alta de 178% na comparação anual, mas 8% abaixo da projeção do BTG Pactual. Um motivo apontado para tal desempenho foram os volumes de minério de ferro e metais básicos, que vieram um pouco abaixo das projeções do banco.

Além disso, o FCF yield anualizado — o retorno sobre o fluxo de caixa livre — foi de 22%. Isso significa que o fluxo de caixa equivale a 22% do valor de mercado da empresa, o que fornece um nível considerável de solidez às suas contas.

Já o FCFE — fluxo de caixa livre para o patrimônio líquido — foi de US$ 5,8 bilhões, constituindo basicamente o que “sobrou” do caixa da companhia após serem pagos os custos, despesas e impostos. Geralmente, este valor é convertido aos acionistas, e, neste cenário, o yield anualizado ficaria em 22%. Ou seja, entende-se ser bastante provável o pagamento de dividendos de dois dígitos no segundo semestre.

Ainda, a conversão de caixa da empresa em Fluxo de Caixa de Financiamento (FCF) foi de cerca de 70% de seu EBITDA, demonstrando compromisso com o abatimento de dívidas. Com isso, a perspectiva é de um caixa líquido contábil de US$ 2,1 bilhões.

Dessa forma, a dívida líquida atingiu US$ 10 bilhões, sendo esta a estrutura de capital — que inclui dívida de longo prazo, dívida de curto prazo e patrimônio dos acionistas — alvo da Vale. A partir disso, o balanço patrimonial é tido como conservador, segundo análise do BTG.

A partir de tais resultados, tem-se que a distribuição aos acionistas deve ser forte ao longo dos próximos trimestres, assim como a política de recompra de ações deve acelerar, sendo prevista a aquisição de 5,3% do número total de ações em circulação.

Fundamentos para os resultados

Em primeiro lugar, a alta demanda global por commodities, os preços elevados do minério de ferro e o real desvalorizado, beneficiando as exportações, influenciam no bom desempenho da Vale, que deve permanecer no longo prazo.

Além disso, houve diversas evoluções na gestão, com uma melhor utilização de recursos e o desenvolvimento de uma tese ESG forte, proporcionando estabilidade operacional e crescimento.

Houve um impacto atípico no trimestre anterior que contribuiu para o crescimento exorbitante comparativamente: o provisionamento de despesas com Brumadinho, assim como de encargos de impairment nos ativos dos negócios de níquel e carvão.

Mesmo assim, a Vale é negociada em níveis subvalorizados, em aproximadamente 3x EV/EBITDA 2021. Isso significa que o valor de mercado considerando o preço atual da ação equivale a apenas três vezes o EBITDA, apresentando um desconto de aproximadamente 30% a 35% em relação aos pares.

Nesse sentido, o preço-alvo do BTG para a ação já é de R$ 140, ante o patamar atual de cerca de R$ 110.

Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possi finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

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