Maio 2021
13
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

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Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Faturamento dos shoppings caiu 33,2% em 2020

É claro que o lockdown surtiu efeitos negativos no setor de shoppings, resultando no aumento da vacância, ou seja, dos espaços vagos a serem locados. A média deste indicador saiu de 4,7% em 2019 para 9,3% em 2020, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). A partir disso, o mercado reagiu ao renegociar contratos e, mesmo assim, ver suas receitas reduzirem, minando o pagamento de dividendos aos investidores, por exemplo.

Ainda de acordo com dados da Abrasce, o faturamento do setor de shoppings caiu de R$ 192,8 bilhões em 2019 para R$ 128,8 bilhões em 2020, isto é, uma redução de 33,2% após cinco anos seguidos de altas no indicador. Além disso, o número de visitantes nos 601 shoppings brasileiros considerados caiu 32% na mesma comparação, de 502 milhões para 341 milhões.

Apesar dos pontos negativos, esse choque fez o setor se desenvolver tecnologicamente muito rápido. “Os varejistas e administradores de shoppings evoluíram em seu omnichannel, aprimorando o link entre o físico e o digital, que nunca esteve tão forte”, contou Eduardo Schmidt, superintendente na Iguatemi Empresa de Shopping Centers.

Nesse sentido, os shoppings que possuem marketplace — espaço online para vendas — saíram de 11% antes da pandemia para representar 29% do total ao fim de 2020. Isso sem falar que, dentre aqueles que não possuem essa estrutura, 59% pretendem instalar nos próximos dois anos.

No primeiro trimestre deste ano, por outro lado, após novas restrições aos shoppings, com horário de funcionamento reduzido, as vendas caíram cerca de 30% a 40% em relação aos níveis anteriores à Covid-19. Com isso, vale ressaltar que o BTG Pactual estima um aumento nas taxas de vacância e inadimplência, com as receitas consolidadas caindo 17% a/a.

Por fim, Schmidt completou que, com a implementação de protocolos de segurança mais rigorosos contra a Covid-19 dentro do ambiente controlado dos shoppings, as perspectivas apontam para uma tendência de que as pessoas escolham estes espaços para voltar a consumir em detrimento de outros, em função da maior segurança sanitária.

Alguns exemplos de players deste mercado

Iguatemi (IGTA3)

O Iguatemi dispõe de uma rede de shoppings voltada para o alto padrão em São Paulo, sendo esta uma das faixas do mercado que teve mais resiliência durante o momento de crise.

Seu lucro líquido em 2019 havia sido de R$ 314,30 milhões, caindo para R$ 202,32 milhões em 2020. Mas essa métrica já indicou recuperação no primeiro trimestre de 2021, quando veio em R$ 39,8 milhões, uma alta de 219,9% a/a. Seus shoppings ficaram abertos cerca de 60% do que habitualmente ficam em tempos normais durante o primeiro trimestre. Com isso, as vendas reduziram em 25,6% a/a e a vacância aumentou 3,2 pontos percentuais, em 9,7%.

Aliansce Sonae (ALSO3)

As ações da empresa, apesar de ganhos e perdas no caminho, se mantêm relativamente na estabilidade em patamares abaixo do desempenho histórico desde março de 2020.

No balanço do quarto trimestre, último divulgado, a empresa reportou receitas de R$ 217 milhões, em queda de 19% a/a, e o lucro líquido em queda de -95% na mesma comparação. Já a inadimplência foi de 5,2% e a taxa de ocupação de seus espaços aumentou para 95,8%.

Em 2019, o lucro líquido foi de R$ 56,63 milhões, e em 2020 este aumentou para R$ 202,47, apesar da pandemia.

BR Malls (BRML3)

Em 2019, a empresa lucrou R$ 1,38 bilhões, enquanto em 2020 acumulou prejuízo de R$ 336,11 milhões.

No último balanço divulgado, do quarto trimestre de 2020, a receita líquida havia atingido R$ 267 milhões, em queda de -24% a/a. A taxa de vacância caiu para 4% e as vendas nas mesmas lojas caíram 16,3% a/a. Por fim, o lucro líquido teve uma queda de -51% a/a, em R$ 199,5 milhões.

Multiplan (MULT3)

A receita líquida da Multiplan no último balanço divulgado, referente ao primeiro trimestre de 2021, atingiu R$ 266 milhões, uma queda de -18% a/a. Já o Ebitda ajustado totalizou R$ 131 milhões, também em queda, de -51% a/a. No período, os shoppings da Multiplan ficaram abertos por 63% do tempo habitual de operação e as vendas nas mesmas lojas caíram 27% a/a. Além disso, a taxa de vacância aumentou para 5,4%.

O lucro líquido no primeiro trimestre foi de R$ 46,3 milhões, queda de -74% a/a, enquanto o lucro líquido em todo o ano de 2019 foi de R$ 469,20 milhões e em 2020 chegou a R$ 963,98 milhões.

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