Economia

Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida

Dados do relatório Focus apontam para uma inflação de 5,6% em 2025, bem acima do teto da meta de 4,5%

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Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida Mercado eleva projeção de inflação pela 18ª semana seguida
Relatório Focus do Banco Central aponta que mercado espera continuidade da pressão sobre a inflação. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Relatório Focus do Banco Central aponta que mercado espera continuidade da pressão sobre a inflação. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Pela 18ª semana consecutiva, o relatório Focus traz uma nova alta da mediana para o IPCA, o índice que mede a inflação, de 2025: de 5,58% para 5,60% – 1,10 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 5,08%. Já as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram, de 2,03% para 2,01%. Dólar e Selic continuam no mesmo patamar da semana passada.

Em relação à inflação, as projeções para o IPCA de 2026 subiram pela oitava semana seguida, de 4,30% para 4,35%. Um mês antes, estava em 4,10%. A mediana do Focus para 2027 passou de 3,90% para 4,00%, de 3,90% há quatro semanas.

A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. Ou seja, o centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Contudo, se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.

Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) assumiu que o cenário para a inflação de curto prazo está adverso. Nesse sentido, com destaque para a alta dos preços de alimentos, influenciados pela estiagem e o ciclo do boi. Os bens industrializados, por sua vez, são pressionados pelo movimento do câmbio.

“Se as projeções do cenário de referência se concretizarem, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, diz o BC.

Estratégia

O Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25%, na reunião de janeiro, e afirmou que a sua decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”. Do mesmo modo, o colegiado voltou a sinalizar que vai elevar os juros em mais 1 ponto, a 14,25%, no encontro de março.

O horizonte relevante do Banco Central é o terceiro trimestre de 2026, quando o Copom espera uma inflação de 4,0%, considerando o cenário de referência. Ainda assim a projeção para o IPCA de 2025 é de 5,2%. O balanço de riscos do comitê está assimétrico para cima.

PIB

A mediana do relatório Focus para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 passou de 2,03% para 2,01%. Apesar disso um mês antes, estava em 2,04%. A estimativa intermediária para 2026 seguiu em 1,70%. Um mês atrás era de 1,77%.

O Banco Central espera que a economia brasileira cresça 3,50% em 2024 e 2,10% este ano, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Selic e a inflação

A mediana para a Selic no fim de 2025 permaneceu estável pela sexta semana consecutiva, em 15,0%. Em janeiro, o Copom aumentou os juros de 12,25% para 13,25%. O colegiado reiterou a sinalização de mais uma alta de 1 ponto percentual, a 14,25%, na sua próxima reunião, de março.

A mediana para os juros no fim de 2026 permaneceu em 12,50%. Um mês antes, era de 12,25%. A estimativa intermediária para o fim de 2027 permaneceu em 10,50%, ante 10,25% quatro semanas antes. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela oitava semana consecutiva.

Dólar

As medianas do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025 e 2026 permaneceram em R$ 6,00, pela sexta e quinta semanas consecutivas, respectivamente. A projeção para o fim de 2027 passou de R$ 5,93 para R$ 5,90, enquanto a estimativa intermediária para o fim de 2028 também caiu de R$ 5,99 para R$ 5,90.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.