*Artigo escrito por Joana Barbosa, diretora de Relacionamento & Marketing Estratégico da Grand Construtora, formada em Direito e especialista em Marketing pela USP, com 11 anos de experiência no mercado imobiliário de alto luxo
Por muito tempo, o mercado de luxo concentrou seu olhar nos jovens endinheirados, nos aspiracionais de alto consumo, nos símbolos materiais de status.
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Mas o tempo – esse senhor implacável e sábio – está mostrando que o verdadeiro futuro do luxo está, justamente, em quem já acumulou tempo, conquistas, experiências e, mais do que tudo, discernimento: o idoso.
O luxo que não presta atenção às transformações profundas da sociedade corre o risco de se tornar obsoleto.
É preciso sensibilidade apurada, pensamento estratégico e, principalmente, humildade para entender que o novo consumidor de alto padrão pode ter cabelos brancos e a sabedoria de quem não se impressiona mais com o óbvio.
Idoso: mercado pulsante para maiores de 60 anos
Vivemos uma mudança demográfica significativa: a população está envelhecendo, sim – mas com saúde, com vitalidade e, sobretudo, com um poder aquisitivo que só aumenta.
No Brasil, os maiores de 60 anos já representam um mercado pulsante, influente nas decisões familiares e com recursos disponíveis para investir em si mesmos.
Globalmente, entre 2011 e 2018, pessoas acima de 50 anos aumentaram seus gastos com roupas e calçados em 21%. Mas atenção: não é sobre vaidade vazia. É sobre investir naquilo que eleva a qualidade de vida.
Consumidor maduro quer bem-estar
O consumidor maduro quer bem-estar, autonomia, experiências significativas. O luxo agora é viver bem – não apenas parecer.
Esse novo idoso não está interessado em colecionar bolsas ou carros. Ele quer colecionar momentos. Ele quer presença. Quer saúde física e emocional, quer liberdade com segurança, quer viver com os seus, mas sem ser um peso para ninguém. E aqui se acende um alerta importante para o setor imobiliário de luxo.
A estrutura familiar mudou. Antes, uma velhice cercada de filhos era quase garantida. Hoje, a realidade é outra.
Na alta renda brasileira, a média de filhos por mulher é inferior a um. Isso significa que aquele “sistema de cuidado compartilhado” entre irmãos praticamente desapareceu. O que fazer?
A resposta já começou a surgir na Europa e nos EUA: empreendimentos residenciais voltados exclusivamente para idosos dentro do mais alto padrão de luxo.
Clubes de vida plena dignos de resort
E não, não estamos falando de “asilos”. Estamos falando de verdadeiros clubes de vida plena, com infraestrutura digna de resorts cinco estrelas: lazer, saúde, gastronomia, terapias ocupacionais, serviços personalizados e, o mais importante, comunidades vivas que proporcionam vínculo, troca e pertencimento.
No Brasil, os primeiros movimentos já aparecem. Empreendimentos que entendem que cuidar de um idoso de alta renda não é apenas oferecer atendimento médico, mas criar desejo.
Fazer com que ele queira estar ali. Porque ali ele encontra o que mais valoriza: dignidade, autonomia, conforto e conexão humana.
Cuidado com estruturas que carregam selo do luxo
E para os familiares? É uma solução altamente desejável. Eles se sentem tranquilos ao delegar o cuidado para estruturas que carregam o selo do luxo – não apenas na estética, mas na excelência do serviço, no respeito ao indivíduo, na humanização do dia a dia.
O futuro do mercado de luxo está – e estará cada vez mais – em criar soluções para quem vive com profundidade, propósito e sabedoria.
O idoso é o novo protagonista. E quem entender isso com verdade, visão e coragem estratégica, estará construindo o novo capítulo da história do luxo.
