Entre o concreto e o asfalto das grandes cidades, uma tendência tem despontado como um respiro para os olhos e para a mente: o design biofílico. Essa abordagem, que integra elementos naturais aos espaços, vem ganhando protagonismo em projetos urbanos e residenciais, transformando o cinza em paisagens cada vez mais verdes.
Mais do que estética, a biofilia, termo cunhado pelo biólogo Edward O. Wilson e que significa “amor à vida”, busca reconectar o ser humano à natureza, uma necessidade cada vez mais urgente em meio a rotina exaustiva.
E não há restrição de local ou tamanho. Seja nos pequenos vasos espalhados pelos apartamentos ou materiais e móveis utilizados até o paisagismo dos edifícios e vias públicas, o importante é promover o contato com o natural.
Segundo a psicóloga Aline Hessel, esse contato é capaz de beneficiar a qualidade de vida, trazendo a sensação de tranquilidade e equilíbrio.
Nós evoluímos até os dias de hoje tendo a natureza como nossa aliada e ter contato contribui e beneficia nosso estado emocional e nosso estado mental.
Aline Hessel, psicóloga.

As pesquisas reforçam esses benefícios. O relatório Green and Blue Spaces and Mental Health (Espaços verdes e azuis e saúde mental), publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta que o contato com a natureza melhora a saúde mental e física, além de apoiar a prática de exercícios, a socialização e o manejo do estresse.
O design biofílico no mercado de alto padrão
A busca por ambientes cada vez mais sustentáveis e ligados a natureza também faz parte do mercado de luxo capixaba. Empreendimentos, que incorporam o design biofílico, se tornam verdadeiros refúgios em meio ao concreto das cidades.
Arquitetos e paisagistas apostam na variedade de plantas e elementos naturais. O objetivo é simples: deixar a paisagem cinza e o estresse do lado de fora e encontrar um ambiente mais calmo e agradável portas adentro.
De acordo com a arquiteta Karol Simonassi, a incorporação da natureza as construções é uma necessidade. Em um dos seus projetos, o Taj Home Resort, no Jockey de Itaparica, em Vila Velha, ela trabalhou com um paisagista para transformar a área comum do condomínio.
A principal inspiração foi os resorts de luxo, que consideram o contato com a natureza parte da experiência.
“No início dos meus projetos, eu já coloco o paisagismo. Essa biofilia que envolve a água, as cascatas, as fontes, a vegetação, como um propósito. Eu levo esse conceito e nos primeiros traços do projeto arquitetônico não pode ignorar o paisagismo que vai entrar”, afirma.

A arquiteta ainda explica que o design biofílico vai muito além da escolha das plantas ou do local onde serão plantadas. Também é preciso pensar, por exemplo, se aquela espécie é nativa da região, se ficará harmoniosa com o ambiente e qual tipo de pássaro ela pode atrair.
No caso do Taj Home Resort, de acordo com a Grand Construtora, mais de 270 espécies já foram plantadas. Na próxima etapa, 200 mil unidades de plantas, como palmeiras, árvores frutíferas e arbustos serão incorporados a construção.
O ambiente certo
Rafaela Casati Paiva é proprietária de um garden com mais de 45 anos de história. Ela explica que a procura por plantas, das mais variadas espécies, tem aumentado com o passar do tempo.
Segundo a empresária, muitas pessoas procuram espécies que remetem a uma memória afetiva ou que combinam com a decoração da residência. Entretanto, ela faz um alerta: é preciso pensar, considerar as características de cada planta para os ambientes.
“É importante que, na hora dessa escolha, a gente tenha coisas que são ideais para o ambiente. Por exemplo, se a pessoa tem um apartamento, precisamos entender se esse apartamento não tem, talvez, muita iluminação ou se tem uma iluminação direta”, explica.
Ainda de acordo com Rafaela, o design biofílico também permite pensar a natureza como uma alternativa para determinadas situações. Muitas vezes, as plantas podem substituir, por exemplo, uma parede de concreto.
“Às vezes, eu preciso de um paisagismo para poder conter um pouco de uma luminosidade muito forte que entra na minha sala. Ou eu quero ter mais privacidade, e, em vez de fechar o ambiente e ter paredes, podemos apostar nessa vegetação.”

Quanto mais verde melhor
A medida que os centros urbanos crescem, o design biofílico surge como uma resposta necessária. Projetos que valorizam a natureza se tornam aliados na criação de cidades mais acolhedoras e sustentáveis, onde a vida humana e a natureza coexistem em equilíbrio.
O movimento em direção ao verde deixou de ser tendência para se tornar parte essencial da arquitetura contemporânea. Ele transforma não apenas a estética, mas também a forma como as pessoas se relacionam com os espaços onde convivem.
Nós temos uma rotina tão corrida, vemos construções para todos os lados, o trânsito cada vez mais complexo e o trabalho é aquela coisa da agilidade, tudo muito rápido. Quando a pessoa chega aqui, é aquele momento de “é isso”. E o paisagismo, a vegetação, a biofilia, a água e o barulho da cascata são algo que o corpo pede.
Karol Simonassi, arquiteta
 
			 
					 
			
		 
			
		 
						 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		