Economia

Moody's avalia que Temer enfrenta os mesmos desafios da administração anterior

Agência cita sinais de que Temer vai buscar medidas de consolidação fiscal, a decisão de reduzir os ministérios e a possibilidade de as reformas incluírem dar "independência total ao BC"

Moody’s avalia que Temer enfrenta os mesmos desafios da administração anterior Moody’s avalia que Temer enfrenta os mesmos desafios da administração anterior Moody’s avalia que Temer enfrenta os mesmos desafios da administração anterior Moody’s avalia que Temer enfrenta os mesmos desafios da administração anterior
Para agência de risco, muda o presidente, mas não os desafios econômicos Foto: Reprodução Facebook

São Paulo – O presidente em exercício do Brasil, Michel Temer, enfrenta os mesmos desafios que a administração anterior, afirmou a agência de classificação de risco Moody’s. Em relatório, a agência comenta que, embora Temer provavelmente vá propor um pacote de reformas para melhorar o sentimento do investidor, sua habilidade de aprová-las no Congresso está longe de ser clara.

“Nós esperamos que Temer proponha reformas fiscais e estruturais que ajudarão a recuperar a confiança e a estabilizar a debilitada economia”, afirma a Moody’s. A agência destaca que o presidente em exercício tem discutido uma ampla agenda política que inclui privatização, abertura do setor de energia e de outros para investimento privado e medidas para o lado da oferta, como um relaxamento das regras de conteúdo doméstico que exigem que certas empresas e indústrias usem uma porcentagem definida de produtos e serviços nacionais.

A Moody’s cita ainda os sinais de que Temer vai buscar medidas de consolidação fiscal, a decisão de reduzir o número de ministérios e a possibilidade de as reformas incluírem dar “independência total ao Banco Central (que atualmente tem autonomia administrativa) para ajudar a reconstruir a credibilidade na política monetária e a conter as expectativas de inflação”.

“Se aplicadas, essas reformas estabilizarão as tendências macroeconômicas e fiscais e apoiarão um retorno ao crescimento”, avalia a Moody’s, acrescentando que “reformas são cruciais para aliviar o orçamento do governo gravemente prejudicado pelo declínio das receitas fiscais e pelo aumento dos custos dos juros”. Segundo a agência, conter o aumento da dívida do governo é necessário para preservar a qualidade do crédito do Brasil.

No entanto, observa a Moody’s, para o sentimento positivo sustentar um retorno ao crescimento, ações políticas precisam atender às expectativas do mercado ou excedê-las. “Temer precisará de apoio do Congresso para avançar em sua agenda e o apoio do Congresso frustrou a administração afastada. Não existe certeza de que a situação será diferente sob a liderança de Temer”, afirma a agência.

Na visão da Moody’s, embora a relação do presidente em exercício com o Congresso deva ser de menos confrontação do que a de Dilma Rousseff, o principal partido de oposição, o PSDB, pode continuar obstruindo as propostas legislativas. Outra dúvida levantada pela agência é se o Partido dos Trabalhadores (PT) terá sucesso em bloquear a legislação de Temer.