Economia

MPF consegue bloqueio de bens de mais pessoas envolvidas no caso Telexfree no Espírito Santo

Segunda fase da Operação Orion foi realizada nesta sexta-feira (24), na Grande Vitória, em conjunto com a Receita Federal e com a Polícia Federal

MPF consegue bloqueio de bens de mais pessoas envolvidas no caso Telexfree no Espírito Santo MPF consegue bloqueio de bens de mais pessoas envolvidas no caso Telexfree no Espírito Santo MPF consegue bloqueio de bens de mais pessoas envolvidas no caso Telexfree no Espírito Santo MPF consegue bloqueio de bens de mais pessoas envolvidas no caso Telexfree no Espírito Santo
O inquérito que apura a possível ocorrência de crimes praticados pela Telexfree e pelos seus sócios no país foi instaurado por requisição do MPF/ES Foto: Divulgação

O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) conseguiu na Justiça o sequestro de bens, o bloqueio de contas e valores e o afastamento do sigilo bancário e fiscal de uma empresa e de outras seis pessoas, todas ligadas à Telexfree no Espírito Santo.

De acordo com o órgão, a medida foi necessária uma vez que, durante a Operação Orion, realizada em conjunto com a Receita Federal e com a Polícia Federal, em julho deste ano, foram apreendidos diversos documentos e surgiram indícios acerca do envolvimento de novas pessoas no esquema de pirâmide financeira.

Na segunda fase da Operação Orion, deflagrada nesta sexta-feira (24), foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão na sede de uma empresa e em três residências, em Vitória e Vila Velha. Participam da operação 12 servidores da Receita Federal e 20 policiais federais

O inquérito que apura a possível ocorrência de crimes praticados pela Telexfree e pelos seus sócios no país foi instaurado por requisição do MPF/ES. Todo o material apreendido até agora, bem como o apreendido na primeira parte da Operação Orion, está subsidiando as investigações sobre crime contra o sistema financeiro nacional (oferta pública de valores mobiliários sem registro junto à Comissão de Valores Mobiliários); contra a economia popular (pirâmide financeira/ Ponzi); evasão de divisas; lavagem de dinheiro; e sonegação fiscal.

Toda a investigação sobre a Telexfree no Brasil está sendo feita em conjunto entre MPF/ES, Polícia Federal e Receita Federal. Os nomes dos envolvidos não estão sendo divulgados porque o processo tramita sob sigilo na Justiça Federal do Espírito Santo.

Atualmente, a Telexfree é alvo de uma ação civil pública na 2ª Vara Cível de Rio Branco, no Acre. Também é alvo de investigação nos Estados Unidos acerca de cometimento de fraude eletrônica instrumentalizada por uma pirâmide financeira. A Justiça americana, inclusive, determinou em abril o congelamento dos bens do grupo Telexfree. O pedido foi feito pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, e determinado pelo Tribunal Distrital de Boston.

Entenda o caso

A primeira fase da Operação Orion aconteceu no dia 24 de julho deste ano. O objetivo da ação foi investigar crimes financeiros relacionados às atividades da Telexfree em Vitória. Ao todo, nove mandados de busca e apreensão na região metropolitana de Vitória foram cumpridos em endereços ligados à Ympactus Comercial.

Investigações

Tudo começou quando a juíza Thaís Borges, do Acre, deu parecer favorável à uma ação proposta pelo Ministério Público, e determinou a suspensão de pagamentos, e adesão de novos divulgadores à empresa. Na sequência, os Ministérios Públicos estaduais passaram a investigar as ações da empresa em conjunto. Somente até julho do ano passado, a Telexfree possuía mais de 50 processos na Justiça do Espírito Santo.

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, chegou a instaurar processo administrativo contra a Telexfree (Ympactus Comercial Ltda.) por indícios de formação de pirâmide financeira. 

Segundo informações do Ministério, O DPDC recebeu no início do ano denúncias contra a empresa de vários órgãos estaduais do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, principalmente Procon e Ministério Público do Acre. A empresa estaria violando princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor, como o dever de transparência e boa-fé nas relações de consumo, além de veicular publicidade enganosa e abusiva.

Em abril deste ano, por unanimidade de votos, a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) manteve a decisão proferida em fevereiro, que negou concessão de recuperação judicial à sociedade empresária Ympactus Comercial S/A, conhecida comercialmente como Telexfree. A concessão já havia sido negada também em primeiro grau pelo juiz titular da Vara de Recuperação Judicial e Falência de Vitória. 

No mês de maio, a esposa de um dos fundadores da empresa Telexfree, o capixaba Carlos Nataniel Wanzeler, acusado por autoridades dos Estados Unidos de fraudar investidores e fugir para o Brasil, foi presa ao tentar embarcar no aeroporto JFK, em Nova York. Katia Wanzeler, de 45 anos, estava em um voo internacional e pretendia deixar os Estados Unidos. 

Durante as investigações da Polícia Federal dos Estados Unidos, Wanzeler conseguiu fugir para o Brasil, mas a esposa ficou no estado onde viviam, em Massachusetts.