Mar 2020
10
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Petrobrás pode operar no prejuízo, avalia Arilda Texeira

Em inglês, circuit breaker é o mesmo que disjuntor, a criação de Thomas Edison que desliga um circuito elétrico quando a corrente está acima do que é suportado.

De maneira similar, nas bolsas de valores, o circuit breaker é um instrumento de caráter regulatório que interrompe compra e venda de ações e outros papéis da bolsa de valores por um determinado período de tempo após quedas bruscas.

O objetivo desse mecanismo é prevenir ganhos especulativos e enormes perdas em um curto período de tempo. Ele não impede que a queda ocorra, apenas arrefece os estresse dos investidores.

Hoje, o circuit breaker da bolsa de São Paulo foi ativado por 30 minutos após registrar queda de 10% (em relação ao último fechamento) perto das 10h30. Em caso de oscilação negativa de 15% no dia, a interrupção pode voltar por uma hora e caso atinja 20%, a suspensão das negociações pode se estender por tempo definido pela B3.

CIRCUIT BREAKER NÃO É NOVIDADE NO BRASIL

Na última vez em que o circuit breaker ocorreu no Brasil, metade do número de CPFs atuais ainda não haviam sido cadastrados. Isso significa que para grande parte dos investidores, esse evento é uma novidade.

A última vez em que uma queda brusca interrompeu o balcão de negociações foi em Maio de 2017, quando o empresário Joesley Batista delatou o presidente Michel Temer. Antes disso, o circuit breaker foi ativado por quatro vezes em Outubro de 2008, no auge da crise financeira mundial.

O mecanismo foi acionado pela primeira vez em outubro de 1997, quando a Ibovespa afundou 14% em meio à crise financeira asiática.

PETROBRÁS PODE OPERAR NO PREJUÍZO CASO PETRÓLEO MANTENHA BAIXA

Para a economista e professora da Fucape Business School, Arilda Teixeira, essa queda é decorrente da conhecida epidemia de coronavíru– que pode esfriar as grandes economias do mundo– e o conflito de preços de petróleo da Rússia com Arábia. A professora explica que”essa é uma briga velha da eurásia. A Rússia quer ser o país mais influente da região, mas tem que se sobrepor à dominância da China e Arábia Saudita.”

Nas últimas semanas, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), de olho na desaceleração provocada pelo coronavírus, planejava reduzir a oferta de petróleo para estabilizar o preço da commodity.

A Rússia, que não participa da OPEP mas estava nessa plano, recusou a proposta e os árabes também voltaram atrás. Em retaliação, a Arábia aumentará a oferta de petróleo para pressionar os russo.

O país do Oriente Médio, além de não exigir que outros países da OPEP reduzam a oferta de óleo, anunciou a compradores que irá fornecer a commodity com descontos.

Teixeira explica que “nesse episódio imprevisível, o Kremlin esperava que os árabes, que têm uma economia dependente de petróleo, iriam se desespera, o que não aconteceu.”

A economista afirma que a Petrobras pode ser fortemente prejudicada caso o petróleo permaneça baixo. Segundo ela, o barril cotado abaixo dos US$ 47 inviabiliza a lucratividade da Petrobras. Com a queda de 31%, o barril de óleo chegou a ser cotado a US$ 45.

PARA MAIOR INVESTIDOR DA BOLSA, É HORA DE COMPRAR TUDO O QUE FOR POSSÍVEL

Pela internet, Luiz Barsi, 80, o maior investidor individual da bolsa brasileira, mostrou estar animado com a queda, ou melhor, com essa promoção de ações de ontem.

“Essa queda é é um fato que já ocorreu inúmeras vezes. O investidor de renda variável tem que entender que o afundamento generalizado que vemos em papéis de empresas que não atuam com petróleo é apenas uma influência psicológica. Apesar da guerra de preços do petróleo entre Arábia e Rússia e a epidemia de coronavírus, as empresas brasileiras continuam funcionando. No momento, eu estou comprando tudo que é possível comprar. O jacaré está de boca aberta”, disse Barsi em vídeo.

No mês passado, quando a queda da bolsa iniciou de maneira menos abrupta, Barsi já tinha começado as compras. O “rei da bolsa” passou o dia vasculhando as “pechinchas da bolsa” e descarregou R$ 10 milhões em ações como Braskem, Cielo e Itaúsa. No total, ele possui mais de R$ 2 bi investidos. “Estou muito feliz com a queda das ações”, comenta.

Esse misto de tranquilidade e alegria de Barsi em meio a um dia caótico se deve a uma filosofia de investimentos chamada de ‘carteira da aposentadoria’. Ela se baseia em em dois pilares que iluminam a mentalidade do investidor e evitam estresse em dias de circuit breaker: bons fundamentos e altos dividendos.

Barsi detalha seu pensamento: ““Eu não invisto em ações da Bolsa. Eu compro participações em empresas com bons projetos. Gosto de companhias tradicionais e só compro as ações quando os preços estão em queda, nunca em alta”

Um dos principais indicadores que Barsi analisa antes de investir em uma empresa é a distribuição de dividendos, isto é, participação nos lucros aos quais o acionista tem direito. A Itaúsa (ITSA4), por exemplo, além de apresentar lucros crescentes, distribui dividendos na casa do 8-10% ao ano.

Na visão de Barsi, os fundamentos da empresa se mantém constantes mesmo com coronavírus ou choque do preço do petróleo. Logo, comprar ações da empresa em queda de -6,5% é pagar mais barato pelo mesmo ativo.

Para Pessotti, 'crash' do petróleo pode frustrar investimentos no ES

O economista e sócio-fundador da Apx Investimentos, Tiago Pessotti afirma que ainda não está realizando operações tendo em vista mudanças profundas nos fundamentos, isto é, os principais indicadores da economia mundial. “Foi um dia de muito estresse, mas é cedo para afirmar que isso muda o rumo da economia do globo”, afirma.

Ele avalia que um dos maiores perigos da desaceleração momentânea causada por coronavírus e choque do petróleo pode eventualmente levar a um grave ‘credit crunch’. Pessotti explica que: “a queda de receitas das empresas pode reduzir a disponibilidade de crédito corporativo e levar muitas empresas a ter problemas financeiros graves. Devido a isso, estamos reduzindo a exposição a ativos ligados ao crédito de alguns clientes de Portfolio Solutions do BTG Pactual.”

Para os investidores em geral, essa é a hora de reavaliar se a exposição a renda variável está adequada para seu perfil de risco e considerar uma inclusão de ativos de proteção na carteira. “É importante diminuir sua exposição ao risco tendo seguros na carteira, como ouro ou dólar, assim como fundos multimercados que utilizam estes instrumentos”, aconselha Pessotti.

Para o economista, qualquer alteração no exterior irá respingar na economia brasileira. “No trem da economia global, somos mais um vagão e vamos ser puxado por novos eventos e alterações de fundamentos”, afirma.

Pessotti acredita que essa queda no preço do petróleo pode afetar o apetite das empresas do setor por investimentos no ES. “O ES é uma economia dependente de royalties do petróleo, e reduções de investimentos e extração podem afetar todo o estado”, avalia.

No Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, realizado em fevereiro, empresas do ramo anunciaram investir R$ 24 bi no Espírito até 2024. Nenhuma companhia se pronunciou sobre mudanças até o momento.

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