Mar 2020
16
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Ricardo Frizera
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porRicardo Frizera

Bancos não facilitam acesso a crédito de qualidade com juros baixos

Com a queda da taxa básica de juros, a Selic, a expectativa dos consumidores é de que os juros de empréstimos e financiamentos fiquem mais baratos. No entanto, de acordo com dados da Febraban e do Banco Central, desde 2016 (quando o ciclo de redução dos juros começou) o crédito não está ficando tão barato quanto deveria.

Apesar de a Selic ter caído de 14,25% ao ano para 4,25% ao ano, cerca de 70%, os juros do crédito pessoal caíram apenas 23%. Mesmo com medidas intervencionistas, como o recente tabelamento dos juros do cheque especial pelo Banco Central, a taxa ainda chega a 150% ao ano. O o rotativo do cartão de crédito beira 300% ao ano e o empréstimo pessoal, 127% ao ano.

Considerando os pesos de cada modalidade de empréstimos, a taxa de juros média para pessoa física (usadas em empréstimos) 6,86% ao mês (121,71% ao ano), contra 6,91% ao mês no ano passado, segundo dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças.

Os altos juros tem efeitos nocivos sobre a vida dos trabalhadores brasileiros. Somados à falta de educação financeira no Brasil, o crédito caro é um dos principais fatores que contribuem para uma população altamente endividada. Em novembro do ano passado, o SPC apontou que o Brasil tinha 63,1 milhões de CPFs negativado, uma alta de 6% em um ano. Do total de trabalhadores, 84% enfrentam dificuldades na vida financeira.

Embora a situação financeira do brasileiro seja alarmante, as taxas de juros continuam altas devido ao oligopólio bancário existente no Brasil. Apesar de existirem 150 bancos no país (nos EUA são 6.799), 80% do faturamento total está nas mãos das cinco maiores instituições, sendo a concessão de crédito uma das principais fontes de receita.

Além disso, os bancos não fornecem crédito de maior qualidade com a mesma frequência com que disponibilizam empréstimos mais caros. Para o o especialista em crédito e modelagem Bruno Meneghel, o crédito consignado (descontado direto na folha de pagamento) para trabalhadores privados, por exemplo, tem juros médios ao menos cinco vezes mais baratos do que o empréstimo pessoal.

Ele avalia que essa modalidade mais justa tem um volume de concessões 8 vezes menor que o consignado público, embora o número de trabalhadores privados seja três vezes maior que de servidores federais, estaduais e municipais.

Esse cenário de crédito de má qualidade e juros abusivos, no entanto, pode mudar em breve. Segundo Bruno Meneghel, a entrada de fintechs (startups que buscam substituir serviços bancários tradicionais, principalmente com uso de tecnologia) pode ajudar na descentralização, gerando maior competitividade e taxas menores com o passar do tempo.

Ele enfatiza que “o Banco Central vem facilitando a entrada de novas empresas nesse mercado– e elas serão uma concorrência forte para os grandes bancos”.

Para Meneghel, contudo, não basta que as fintechs ofereçam crédito de melhor qualidade, elas também devem ter o compromisso com a educação financeira.

“Nos próximos anos, a educação financeira será uma das principais ferramentas para combater o alto endividamento no Brasil. Somos o 74º país no ranking de educação financeira mundial, o que explica porque temos uma população tão endividada. As instituições financeiras devem ter o compromisso de ensinar a tomar utilizar os empréstimos de maneira responsável”, opina o especialista.

Palavra do Especialista

Imposto da estupidez

Os dois projetos de reforma tributária em discussão no Congresso, PEC 45 e PEC 110, tem em comum o objetivo de criarem um imposto sobre valor adicionado (IVA) que manteria a carga tributária constante e substituiria vários impostos existentes hoje.

Mas este IVA traz diversos problemas. Primeiro, fragiliza a federação reduzindo o poder dos estados de administrar seus impostos. Segundo, este imposto demandaria uma elevadíssima aliquota (fala-se, inicialmete, em 30%, mas esta alíquota pode ser mais elevada).

Por exemplo, o setor de serviços teria uma grande elevação da carga tributária, gerando mais informalidade. Em síntese, o cidadão que já paga elevados impostos, vai ter que pagar mais ainda pelos serviços de educação e saúde.

Já tivemos várias idéias ruins nos últimos meses sobre a reforma tributária. Imposto sobre transações digitais, imposto sobre o pecado, CPMF, etc. Se imposto sobre a cerveja recebeu o nome de “Imposto do Pecado”, como deveríamos chamar o imposto sobre a educação? Imposto da Estupidez?

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BC americano zera juros temendo impacto do coronavírus

O Banco Central americano, em decisão extraordinária, cortou a taxa básica de juros para o intervalo entre zero e 0,25%, devido ao temor do impacto econômico do coronavírus

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Segunda redução fora da agenda

Há 12 dias, o Fed já havia feito um corte fora da agenda, passando os juros para uma faixa de 1% e 1,25% ao ano. O Copom (BC do Brasil) se reúne nesta semana com expetativas de reduzir ainda mais a Selic.

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Injeção de US$700 bi na economia

Além de reduzir os juros, o Fed também anunciou que vai realizar as chamadas ‘Open market operations’, isto é, a compra de títulos públicos do mercado, o que aumenta a quantidade de dinheiro em circulação.

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