Maio 2020
1
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

Maio 2020
1
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

"Aceitei o desafio porque quero que o Espírito Santo seja melhor"

A Grafitusa [Gráfica Túlio Samorini, que leva o nome do bisavô e do pai de Cristhine, Túlio Samorini], empresa em que Cristhine é diretora, completa em Maio desse ano 100 anos de história. Seu bisavô, Túlio Samorini, foi um pintor de interior de tetos na Itália. Quando no Espírito Santo, pintou a Igreja de Monte Carmo. Teve uma alergia a tinta à óleo, quando parou de pintar e optou por abrir uma tipografia em 1920: a Gráfica Túlio Samorini. Desde então, a Grafitusa sobreviveu por quatro gerações, sempre atenta a necessidade de renovar e inovar. Inovação, aliás, é um tema pelo qual Cristhine é obcecada — vê-se pela quantidade de vezes em que citou o tema durante a conversa.

Ricardo Frizera: Primeiro, chama a atenção uma empresa que dura por quatro gerações. A que você atribui esse sucesso?

Cristhine Samorini: Muita dedicação. Meu pai sempre foi muito dedicado, de se entregar. “Você tem que descer na produção. Tem que ver o que está acontecendo”, ele fala todos os dias. Ele cuida dos detalhes, chama a atenção, e agrega [hoje, Túlio Samorini tem 71 anos]. Eu só assumi esse desafio da FINDES porque ele está na ativa. Ele continua sendo a pessoa que dá suporte para o negócio funcionar. Tem muito zelo por tudo. E é uma referência nacional na indústria gráfica. Já fomos exemplo para gigantes como a XEROX, pela nossa capacidade de transformar e incluir novas tecnologias. Sempre fizemos essas rupturas importantes. Na virada do século, modernizamos o parque gráfico. Em seguida, trouxemos a melhor tecnologia do mundo para o estado. E mais recentmente, fizemos o primeiro ecommerce do Espírito Santo”. Inovar está no sangue da família Samorini.

RF: Como você começou no mundo empresarial?

CS: Comecei a me envolver na empresa da família aos 17 anos. Já nessa idade, tinha um perfil mais ligado à área empresarial. Sempre fui muito de relacionamento. Depois que completei a faculdade de administração, aos 22 anos, passei uma ano em Belo Horizonte, onde fiz um curso de Pós-Graduação em Gestão de Negócios na Fundação Dom Cabral. Ainda em Minas, trabalhei no setor gráfico e desenvolvi um amor pela indústria gráfica. Me aperfeiçoei e comecei a estudar profundamente o setor.

RF: Como foi sua participação na empresa da família?

CS: Aos 23 anos, voltei para Vitória e assumi a parte comercial da Grafitusa. O comercial era mais a minha praia, de relacionamento, do que do meu irmão, que sempre foi mais da parte técnica, de controle. Desde que comecei, em 1997, eu já frequentava o sindicato [se referindo ao SIGES, Sindicato das Indústrias Gráficas do Espírito Santo, da qual Cristhine atualmente é presidente]. Quando voltei para Vitória, a gráfica tinha perdido um pouco espaço no mercado. Como vinha de um mercado maior, dei um gás forte. Estávamos em um momento de transformação tecnológica e não tínhamos pontes fontes de relacionamento com agências. Desenvolvi a parte comercial e direcionei a Gráfica no sentido de renovação. Em 2004, fiz Marketing pela FGV. Em 2007, saímos de uma sede na av. Vitória para um amplo parque gráfico em Jardim Camburi. Avançamos muito fortemente, investindo e comprando o que tinha de melhor no mundo em parque tecnológico. Tivemos um grande cliente a nível Brasil que foi a BRF, e por isso criamos uma expertise forte em distribuição e logística. Fizemos uma parceria grande com a TAM e começamos a distribuir por todo o Brasil, o que nos tornou referência nacional.

RF: Por que buscar a presidência da FINDES?

CS: Tem mais de 22 anos que eu venho atuando nesse ambiente sindical. Na FINDES, especificamente, fazem duas décadas. Entrei na gestão do Lucas Izoton, passei pela gestão do Marcos Guerra e agora estou na gestão do Léo [Leonardo de Castro, atual presidente da FINDES]. Ali, aprendi a gostar da indústria como um todo, não só do meu setor. Aceitei o desafio porque quero o Espírito Santo seja melhor — temos muito potencial, mas precisamos colocar mais a mão na massa. Vejo que o ambiente sofreu uma ruptura importante [na gestão do Leonardo de Castro] no sentido de trabalhar para a indústria e para a economia como um todo, e não para um ou outro. Isso me faz bem, isso me dá energia boa de fazer o que deve ser feito. Sou muito de correr atrás das coisas para acontecerem, não sou de esperar.

RF: O fato de ser mulher no ambiente empresarial e associativista é um desafio pra você?

CS: Ter uma mulher na presidência mostra uma maturidade diferenciada da nossa entidade, que é um ambiente altamente masculinizado. mas prefiro ser medida pela minha capacidade de entrega. No ambiente industrial, ser mulher sempre foi um desafio a mais — mas nunca foi um empecilho.

"Mulher preparada e ligada aos desafios modernos", diz Leonardo de Castro

Presidente em exercício até agosto deste ano, Leonardo de Castro afirma que a eleição de Cristhine foi uma boa escolha. “É uma mulher que está preparada, sabe ouvir e dialogar e acima de tudo ligada aos desafios modernos. Isso a torna capaz de guiar essa importante instituição nos próximos anos”. Ele avalia que o processo eleitoral ocorreu de forma democrática, com apoio da votação online:  “dois sindicatos escolheram fazer a votação online e o restante decidiu por comparecer à Findes para deixar seu voto”.

Cristhine frisa que seu trabalho será voltado para a união e interiorização da Findes. Ela rejeita a ideia de que a Federação deve estar mais presente para um determinado porte de indústria ou região do Espírito Santo. “Passei pela ruptura na gestão da Findes e entendo o que deve ser descartado e o que deve ser mantido na gestão. Precisamos ampliar a atuação da Federação, e atender a todos as empresas– desde as micro às grandes indústrias do Espírito Santo. Com muito ânimo, dou seguimento ao sonho da atual gestão de levar a FINDES a todas as 18 mil indústrias atuantes no estado”.

No processo de ampliação do alcance da Federação, a presidente eleita destaca o Plano de Trabalho inovador. “Usamos a metodologia de design thinking para construir, junto a 22 sindicatos e 30 empresários um plano robusto ancorado nos desafios cotidianos do empresariado e na expansão da atuação. Nesse processo, a transformação digital da Findes e das indústrias será essencial e é um de nossos maiores focos”. Conforme relatamos na coluna do dia 19, nos parece positiva a continuidade da gestão implementada pelo presidente Leonardo de Castro na Federação. Desejamos a Cristhine uma excelente gestão.

Postado Agora

Plano De Trabalho "Conectar Para Transformar"

Assumindo a FINDES em um momento peculiarmente difícil para a economia, Cristhine se atém às diretrizes de seu plano de trabalho para superar a crise.

Postado Agora

Comunicação

Cristhine destaca que uma das principais diretrizes do momento será a comunicação. “Neste momento, é imprescindível conexão e proximidade entre a Findes e os agentes de desenvolvimento do estado.”

Postado Agora

Governaça e gestão

Para continuar a modernização da Federação, Cristhine enfatiza em seu plano de trabalho a necessidade de modernizar a governança e a gestão, com foco na entrega de resultado.

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas