Fev 2024
18
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Orlando Caliman | Embora ainda não disponhamos de dados definitivos sobre o desempenho da economia capixaba para o ano de 2023, é possível, com razoável grau de certeza, afirmarmos, como já tenho feito, que chegaremos a um percentual próximo a 4%. E isso, graças ao bom desempenho do setor industrial. Segundo dados da pesquisa mensal da indústria, feita pelo IBGE e divulgada nesta semana pelo Instituto Jones dos Santos Neves, o setor cresceu 11,5% no acumulado do ano– a segunda maior taxa observada dentre os estados, sendo apenas suplantado pelo Rio Grande do Norte.

Sem dúvida, um número extraordinário, principalmente levando-se em consideração o fato de a indústria nacional ter apresentado um crescimento pífio, para não dizer decepcionante, de 0,2%, sobre uma fração do PIB de aproximadamente 20%.  Diferentemente do Espírito Santo que já contava com uma participação do setor industrial próximo a 38%.

Porém, em se tratando de economia capixaba, é sempre prudente dissecarmos e decifrarmos os números com maior profundidade. O que quero dizer com isso é que existem certas características da nossa estrutura industrial que merecem atenção especial. E uma dessas características a destacar destaca-se a indústria extrativa mineral.

Esse subsetor da indústria, no seu auge, em 2012, já foi responsável por cerca de 26% do PIB estadual. Dele fazem parte a produção de pelotas de minério de ferro e extração de petróleo e gás. Em 2021, segundo o IBGE esses dois segmentos foram responsáveis por 18% do PIB capixaba, o equivalente a cerca de quatro vezes a participação destes no PIB nacional. O que significa uma grande concentração local das suas atividades.

Foram esses dois segmentos os responsáveis quase que absolutos pelo desempenho do setor industrial capixaba em 2023, com uma taxa observada de crescimento no volume de produção de 20%. Número que contrastou com a queda de 3,6% nas atividades da indústria de transformação, que contou sobretudo com a forte perda de dinamismo do setor de rochas ornamentais, de 12,7%, mas também da metalurgia, de 4,2%.

“A indústria extrativa mineral beneficiou-se de demanda externa crescente. Já as indústrias de transformação, aço e rochas ornamentais defrontraram-se com mercados adversos”

O curioso a ser observado nesses números é que eles são explicados por um fator comum: o mercado externo. A extrativa mineral beneficiou-se de demanda externa crescente. Já as indústrias de transformação, aço e rochas ornamentais defrontraram-se com mercados adversos. No primeiro caso principalmente pela concorrência chinesa. No segundo caso por mudanças ocorridas no principal mercado comprador, os Estados Unidos, responsável pela compra de 63% de produtos de rochas exportadas pelo Espírito Santo, algo em torno de 3 bilhões de reais em 2023.

Mas, o que de mais importante esses números nos revelam é a sensibilidade, ou mais precisamente a vulnerabilidade da economia capixaba às intempéries dos mercados externos. O que nos leva à necessidade de dispormos de política e instrumento de política industrial que nos conduzam a uma estrutura   mais diversificada, economicamente mais complexa e por conseguinte mais competitiva. E isso pode ser possível, sem abdicarmos do legado que nos trouxe até aqui: diversificar com commodities.

Aliás, como fizemos com a agricultura: diversificamos com o café.

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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