Os dados de comércio exterior do Espírito Santo surpreenderam no primeiro trimestre deste ano. Na comparação com o mesmo intervalo de 2023, a soma de importações (US$ 2,95 bilhões) e exportações (US$ 2,57 bilhões), chamada corrente de comércio, avançou 35,3% e chegou a US$ 5,5 bilhões (equivalente a R$ 28 bilhões na cotação atual). É o maior valor para os primeiros três meses do ano desde 2011. Nesse bolo, duas mercadorias chamaram a atenção por terem mais que triplicado o valor de comércio com relação ao ano passado: café e carros. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Fazenda.
Das três principais commodities exportadas pelo Espírito Santo, aço, minério de ferro e café, todas avançaram na comparação do 1º trimestre dos dois anos. O valor do minério exportado foi 14% maior, de US$ 799 milhões, e o valor do aço foi 15,1% maior, de US$ 417 milhões.
O café, porém, mais que triplicou o valor exportado, saltando de US$ 103 milhões no primeiro tri de 2023 para US$ 322 milhões nos três primeiros meses de 2024.
A alta do valor da exportação de café está ligada à disparada do conilon, que já passa de R$ 1000 por saca. Vale lembrar que o Espírito Santo produz 20% do volume mundial e 70% do volume nacional e os produtores do estado se beneficiam de imediato com o avanço da cotação. “Pela primeira vez em tempos vemos produtores de conilon completamente satisfeitos”, afirmou um empresário do agronegócio.
Já no lado das importações, o destaque vai para o avanço dos automóveis. Se em 2023 o valor foi de US$ 258 milhões nos três primeiros meses do ano, em 2024 o valor foi de US$ 864 milhões, um crescimento de 334%. O valor registrado entre janeiro e março de 2024 foi alcançado em 2023 apenas no mês de setembro.
O volume de automóveis entrando nos portos capixabas cresceu de tal forma que causou um congestionamento histórico no Terminal de Vila Velha, que chegou a operar com 120% de sua capacidade nos primeiros meses de 2024.
O crescimento da entrada de carros, que gera importantes receitas e impostos para o Espírito Santo, está ligada ao sucesso dos veículos eletrificados chineses no Brasil, de montadoras como BYD e GWM, que utilizam o sistema portuário do Espírito Santo como plataforma de importação.
O Grupo Águia Branca, um dos principais vendedores de BYD no país, com lojas em Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal, comemorou os resultados expressivos de vendas em 2023 e espera vender 10 mil unidades da marca chinesa neste ano.
“O mercado de carros elétricos está amadurecendo de forma rápida no Brasil. Os eletrificados estão caminhando para chegar a 6% a 7% do volume de vendas, considerando todas as marcas somadas, e à medida que as vendas aumentam, a infraestrutura de carregamento residencial e comercial aumenta. Vemos muitos postos de gasolina, shoppings e supermercados adotando carregadores de carros como forma de atrair clientes”, afirma Marcelo Tinti, CEO da Divisão Comércio do Grupo Águia Branca.
Outro destaque relevante vai para o crescimento da importação de jatos e helicópteros, que saltou de US$ 148 milhões no 1º tri de 2023 para US$ 331 milhões nos três primeiros meses de 2024.
“O Estado do Espírito Santo, diante das vantagens fiscais, localização geográfica privilegiada e vocação para o comércio exterior é a principal porta de entrada dessas aeronaves, sendo detentor de aproximadamente 90% do volume de importações do setor no Brasil.Contudo, para manter esse ritmo é preciso repensar em algumas estratégias, como o aumento do número de slots de importação, ampliação da estrutura alfandegária, assim como outros fatores relacionados”, afirma Rodolpho Pandolfi, especialista em importação de aeronaves da APD Advogados.
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