Economia

Mundo caminha para cenário com oferta cada vez menos adaptável, diz Campos Neto

Mundo caminha para cenário com oferta cada vez menos adaptável, diz Campos Neto Mundo caminha para cenário com oferta cada vez menos adaptável, diz Campos Neto Mundo caminha para cenário com oferta cada vez menos adaptável, diz Campos Neto Mundo caminha para cenário com oferta cada vez menos adaptável, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 11, que o mundo está caminhando para um cenário no qual a oferta é cada vez menos adaptável. A declaração foi feita em evento organizado pela CFA Society Brazil, em São Paulo.

Durante a apresentação, Campos Neto disse que o mundo agora enfrenta um cenário pior do ponto de vista demográfico e geopolítico, com prejuízo à oferta. Ele acrescentou entre os vetores de piora a mudança no mercado de trabalho e os custos da transição energética.

“A gente tem demografia pior, uma mudança na parte estrutural de mão de obra, a gente tem um problema geopolítico, a gente tem uma cooperação tecnológica que está caindo”, disse Campos Neto. “A gente tem a parte da transição climática, que gera um custo adicional, a gente tem um problema de baixo investimento em energia.”

O presidente do BC acrescentou que a baixa adaptabilidade da oferta explica em parte o movimento da inflação durante a pandemia de covid-19, quando o mundo deu estímulos monetários e fiscais à economia. Segundo Campos Neto, esse fenômeno está relacionado ao fato de que a recuperação dos serviços foi mais rápida do que a queda dos preços de bens.

“A gente vê muito debate em relação à natureza da inflação, mas uma coisa é clara: a gente precisa fazer reformas que atuem do lado da oferta”, afirmou Campos Neto, citando a necessidade de aumento da cooperação internacional e de reformas estruturais nas economias.

Volatilidade nos mercados e liquidez menor em curva de juros

O presidente do Banco Central disse ainda que o fenômeno global de volatilidade maior nos mercados e liquidez menor na parte longa das curvas de juros é explicado por uma “aflição” do mercado com o tema da dívida pública. Mais cedo, ele notou que o mundo passou por um período de aumento das dívidas nos últimos anos.

“Os mercados estão muito sensíveis a esse tema fiscal, a gente viu o que aconteceu com a Inglaterra algumas semanas atrás”, disse Campos Neto. “Hoje, o que os mercados estão tentando entender não é como a gente vai fazer mais fiscal, e sim como vai pagar a dívida que tem.”

‘Pagar a conta da pandemia’

O presidente do BC afirmou que há um problema social resultante da covid-19, mas que os mercados agora estão mais preocupados em como “pagar a conta da pandemia”, em referência aos estímulos fiscais dados no período. Segundo Campos Neto, esse é um cenário que tem implicação para o Brasil.

Ele defendeu que as soluções adotadas pelos países para “pagar a conta da pandemia” têm sido na linha de aumentar impostos sobre capital, com impactos negativos para a produtividade.

Mais cedo, Campos Neto já alertara para um movimento de redução da produtividade global, que não foi acompanhado por reformas estruturais na época dos juros baixos e inflação baixa.