O que fez Dr. Deming?

Este post é realizado em homenagem ao amigo, Eng. Fausto Frizzera, Diretor do CDMEC e grande entusiasta da gestão empresarial eficaz.

Todos aqueles que se interessaram pela Gestão da Qualidade a partir do seu boom nos anos 70 tem como guru máximo o Dr. W.E. Deming, que juntamente com o mestre J.M. Juran, fizeram do Japão uma referência mundial em termos de Qualidade e Produtividade. Estamos nesta oportunidade republicando os famosos 14 pontos de Deming numa provocação aos nossos queridos empresários brasileiros. A pergunta que fazemos é a seguinte: Será que os ensinamentos de Deming da década de 50 ainda são válidos para nossas organizações em pleno final de 2015 e início de 2016?

GAF_2015.12.10_15h18m33s_001_Neste artigo, será explorado os princípios determinados pelo Dr. W. Edwards Deming, um pioneiro no uso das metodologias estatísticas aplicadas à confiabilidade e melhoria da qualidade, produtividade e consequentemente da competitividade.

Conhecidos por muitos como o pai da revolução Japonesa pós-guerra e um dos principais gurus da Qualidade nos Estados Unidos da América, Deming ajudou os lideres industriais japoneses e engenheiros a transformar percepção que o mundo tinha do Japão de uma fabricante barato para um fabricante de classe mundial produzindo produtos inovadores e de alta qualidade. Em 1960 o Dr. Deming, foi condecorado pelo imperador japonês, em reconhecimento aos seus métodos e teorias que proporcionaram o aumento da qualidade dos produtos manufaturados e daí surgiu o Prêmio Deming em terras japonesas.

Dr. Deming retornou aos Estados Unidos da América e embarcou em uma missão para ensinar suas filosofias e técnicas estatísticas em qualidade para os fabricantes Americanos. Em, 1982, Dr. Deming publicou o livro “Out of the Crisis”, em qual apresentou seus 14 Pontos. Sua filosofia é uma importante estrutura para implementação da confiabilidade, qualidade e produtividade. Mesmo em uma nova geração, há muito a aprender com esses 14 pontos. A seguir, um pequeno sumário com ligeiras adaptações do Blog para os dias atuais, porém sem alterar a essência dos mesmos.

1. Constância dos Objetivos/propósitos
Criar uma intenção de melhoria contínua de produtos e serviços, investindo recursos com o objetivo de se tornar competitivo e de permanecer no negócio com rentabilidades a longo prazo do que somente a curto prazo e proporcionando mais trabalhos e empregos. O comprometimento da alta administração é Vital.

2. Adote uma nova filosofia
Adotar a nova filosofia. Você deve tomar o desafio da redução de produtos defeituosos, acabamentos deselegantes, objetivos medíocres, atrasos ou maus serviços. Ao considerar os custos totais envolvidos (retorno, sucata, reparo, recolocação, má imagem, e outras perdas), é mais caro à companhia produzir defeitos do que produtos com qualidade (Como dizia Philip Crosby no seu livro Quality is Free – “Qualidade é de graça, o que custa são as infrações contra a qualidade”.)

A transformação no estilo de gerência (da chefia para a liderança) é necessária para conter as perdas e interromper o declínio  de um negócio reduzindo os custos de má qualidade e baixa confiabilidade, caso contrário pode-se comprometer os recursos financeiros de uma companhia e ameaçar a sua existência.

3. Cesse a dependência da Inspeção em Massa
Não confie na inspeção em massa como forma de conseguir a qualidade. Isto é uma forma cara e com falhas. Embora as inspeções sejam necessárias para evitar de enviar produtos defeituosos à clientes, é necessário aprender e dominar a eficiência de seu processo. É importante recordar que as inspeções e os defeitos custam dinheiro e que uma boa qualidade e produtos de confiança são resultados das prevenções dos defeitos com a melhoria dos processos, confiabilidade interna e bons testes. Em resumo: eliminar a necessidade de inspeção em massa, criando qualidade (in process) para o produto em primeiro lugar.

4. Contratos com o menor licitante (menor preço)
Não defina a compra de  fornecedores unicamente na base no preço. Em vez disto, solicite medidas significativas e demonstrações da qualidade junto com a oferta. Reduza o número de fornecedores do mesmo artigo eliminando aqueles que não qualificam em termos de evidência estatística e investimento na qualidade. O objetivo é minimizar o custo total, não o custo meramente inicial, minimizando a variação e escolhendo o fornecedor que demonstrar que possui produtos confiáveis e processos mais capazes e consistentes. A estratégia se consolida promovendo um relacionamento a longo prazo de lealdade e  confiança com uma mentalidade de colaborador do negócio. (parceiro)

5. Melhore Constantemente Cada Processo
Melhorar constantemente e para sempre o sistema de produção e serviço, melhorar a qualidade e produtividade, e assim, reduzir custos. Investigue continuamente áreas para melhoria, coleta de dados, institua a inovação e descubra mais problemas e oportunidades. Envolva todas as pessoas nestas atividades e habilitando e motivando-as para produzir ideias de melhorias. Use métodos estatísticos para descobrir áreas de melhorias e de fraquezas. Todo isso lhe ajudará a melhorar cada atividade na companhia a fim de atingir os melhores níveis de qualidade e produtividade. Isto ajudará também a se tornar eficiente e capaz de produzir produtos com menores custos e de confiança.

6. Treinamento Institucional no Trabalho
Treinamento institucional no trabalho (“on the job”). Invista nos recursos humanos de sua companhia. Institua métodos modernos de treinamento de trabalho para todos, incluindo a gerência, e otimize a contribuição de cada funcionário. O mercado e os avanços tecnológicos sempre em mudanças requerem adaptação das habilidades e conhecimentos. Novos métodos de qualidade, confiabilidade e produtividade são requeridos para as mudanças. Estes esforços não devem parar apenas nos treinamentos, eles devem se estender à uma motivação da aplicação do novo conhecimento adquirido.

7. Liderança Institucional e métodos modernos de supervisão e liderança
Liderança institucional. O objetivo da supervisão deve ser ajudar as pessoas e máquinas a fazer um serviço e resultado melhor. A liderança da gerência necessita uma revisão de conceito e prática, assim como a supervisão dos trabalhadores da produção. Lembrando Tom Peters: “tudo vem das pessoas”

8. Livre-se do Medo
Livrar-se do medo, de forma que todos possam trabalhar efetivamente para a companhia. Muitos funcionários têm medo de questionar, tomar iniciativa e relatar os problemas que são as barreiras da qualidade e produtividade. Os gerentes devem incentivar a comunicação e outros meios de perder o medo completamente e a fim de motivar todos para trabalharem mais abertamente de forma eficaz e produtiva e trabalhar para os melhores interesse da companhia.

9. Quebrando as Barreiras
Quebrar barreiras entre as áreas funcionais da companhia. Pessoas de diferentes departamentos, como engenharia, manufatura, pesquisa, design, vendas e recursos humanos devem trabalhar como um time, para superar problemas de produção e de uso que possam ser encontrados com o produto ou serviço.
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10. Elimine Slogans e Exortações
Eliminar slogans e objetivos que apelam à força de trabalho por defeitos zero e por novos níveis de produtividade sem que hajam investimentos na qualidade.

11. Elimine Metas Numéricas Arbitrárias sem evidências da qualidade
Elimine padrões de trabalho que determina metas e objetivos numéricos para a força de trabalho e a gerência. Muitas vezes, os padrões são ajustados sem consideração à qualidade. Ajustar quotas cegamente ou usar quotas como uma maneira de melhorar a produtividade, em vez de focalizar em melhorar os sistemas de trabalho que podem produzir produtos de qualidade, são estratégias falhas.

12. Incentive o orgulho do Trabalho Próprio
Remover barreiras que impossibilitam as pessoas de sentir orgulho do seu trabalho e promover a integração e sinergia entre áreas e pessoas.

13. Incentive a Educação e o treinamento no local de trabalho. 
Implantar um vigoroso programa de educação e auto crescimento  para todos. Seu negócio não precisa só de boas pessoas, mas pessoas que realçam suas habilidades com conhecimento contínuo e efetivo. Conhecimento em Estatística, Controle de Qualidade e técnicas de análise de Confiabilidade são partes do programa de educação para seus negócios. Desde de que tais técnicas se tornem mais difundidas e compreendidas, se tornará mais provável aos empregados compreender as causas da confiabilidade e da pouca qualidade e assim identificar oportunidades para processos de melhorias.

14. …É Todos Trabalhando
Incentivar e mobilizar todos na companhia para trabalhar em prol da transformação e melhoria sistêmica da Qualidade com foco na Produtividade. A transformação objetivada é trabalho de todos e é resultante da aplicação de todos os princípios anteriormente listados.

Conclusão
Os 14 pontos de Deming enfatizam fortemente a mudança e a adaptação, assim como o papel da gerência em conduzir as mudanças necessárias. Deming enfatiza também, o tempo todo,  a importância de usar ferramentas estatísticas e de coletar dados para quantificar a qualidade, a confiabilidade e a produtividade. Esse é o grande desafio de empresas e organizações que repudiam a crise e investem numa gestão eficaz e competitiva.

O que podemos fazer já?

Referências:

– Ferreira, Getulio Apolinário: Gestão pela Qualidade sem dor de cabeça, Qualitymark Editora, Rio de Janeiro.
• Montgomery, Douglas C., Introduction to Statistical Process Control, John Wiley & Sons, Inc., New York, pp. 18, 1997
• The W. Edwards Deming Institute, http://www.deming.org/, accessed on August 28th, 2006

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.