Indústria 4.0, Economia circular e a transformação de produtos em serviços Indústria 4.0, Economia circular e a transformação de produtos em serviços Indústria 4.0, Economia circular e a transformação de produtos em serviços Indústria 4.0, Economia circular e a transformação de produtos em serviços
Indústria 4.0, Economia circular e a transformação de produtos em serviços

Contribuição de Marcelo Souza, para o blog Gestão e Resultados

O Blog Gestão e Resultados vem acompanhando a temática e a relação próxima da indústria 4.0 e economia circular já a algum tempo, incentivado pelas manifestações positivas do amigo e colega da Academia Brasileira da Qualidade, Basílio Dagnino. Não poderia deixar de citar nesta luta o amigo Paulo Lana e a amiga Patrícia Donaire, Especialista em Inovação Tecnológica, Economia Circular e Sustentabilidade, também colaboradores do nosso blog G&R.

Vamos ao artigo de Marcelo Souza. É inegável que desde 2010, quando o professor Klaus Schwab cunhou o termo quarta revolução industrial em Hanover na Alemanha, não se tinha ideia dos impactos que essa grande transformação, sem dúvida a maior dos últimos 200 anos, iria gerar em nossa sociedade. A então conhecida indústria 4.0 que hoje cotidianamente ouvimos dizer, mudou fortemente a maneira como conduzimos nossas vidas, é quase impensável imaginar o mundo antes de 2010 sem a facilidade e conveniências das plataformas, onde praticamente tudo está a um clique de distância.

A forma como compramos, nos movimentamos, nos entretemos e até nos relacionamos estão acessíveis em nosso bolso. Uber, Netflix, Amazon, Airbnb, Tinder, Facebook, Instagram, Linkedin e Whatsapp são alguns dos exemplos de novos negócios que surgiram e que em pouco tempo já fazem parte da rotina de bilhões de pessoas. A quarta revolução industrial nos brindou com empresas exponenciais, que com pouco capital e produtos não necessariamente de sua propriedade ou autoria, crescem de forma inimaginável.

Com tantas transformações é natural que mudanças ocorram nos mais diversos setores e muitas vezes, somos “arrastados” nessa enxurrada de mudanças. Não percebemos alguns detalhes, como por exemplo, a escalada da economia circular que vem ganhando cada vez mais relevância no mundo dos negócios e já faz parte da agenda do Fórum Econômico Mundial e dos CEO’s de grandes organizações.

Ainda que seja um vetor resultante de outras escolas de pensamentos, assim como a terminologia quarta revolução industrial é relativamente nova, o conceito economia circular também é. Sua caracterização vem da junção do Pensamento em Ciclos e/ou Economia de Performance, criado pelo arquiteto Suíço Walter R. Stahel durante a década de 70, com o conhecido conceito “do berço ao berço” que propõe que o produto deve ser pensado desde de sua concepção até seu descarte correto. Em seguida, emerge o a Ecologia Industrial, ainda durante a década de 70, com forte presença no Japão, introduzindo a simbiose industrial, e alguns anos mais tarde, em 1994, John T. Lyle apresentaria o conceito do Designer Regenerativo, pautado no equilíbrio entre eficiência e resiliência, colaboração e competição, diversidade e coerência observando a necessidade do todo. Mais recentemente no início do século XXI, a bióloga Janine Benyus, em uma abordagem tecnicista inspirada na natureza, introduz a Biomimétrica que reúne biologia, engenharia, design e planejamento de negócios na busca da mimetização, ou seja, copiar os processos bioquímicos observados na natureza para a gestão de fluxos de energias e materiais.

É relevante ter em mente que falar sobre a Economia Circular muito frequentemente relaciona-se ao meio ambiente e preservação do planeta, contudo, o que está na cesta da economia circular é muito maior, na verdade é uma terminologia que está cada vez mais próxima à estratégia empresarial.

Debruçando-se sobre dados apresentados pela Universidade de Berkeley, é possível observar que a porcentagem da utilização real de um automóvel, em média, são apenas 4%, nos demais 96% o veículo está estacionado. Estratificando esses 4% temos: 0,5% equivale ao tempo preso em congestionamentos, 0,8% buscando vagas para estacionar e, por fim, somente 2,6% corresponde a utilização útil. Além disso, da capacidade total de 5 pessoas por veículo, a média de utilização é de apenas 1,5 pessoa por viagem, e as estatísticas ficam ainda mais impressionantes quando vemos que uma família americana disponibiliza aproximadamente 20% da renda familiar na compra de um carro.

Diante destes números, tem-se o seguinte questionamento: Todos nós precisamos ter um veículo ou a gestão desses ativos é algo estratégico? Quando se transforma um produto em serviço, como por exemplo automóveis, podemos explorar o case da Uber, que conseguiu se beneficiar com a ineficiência dos dados apresentados acima, somados à mão de obra abundante de motoristas, ou seja, utilizar estoques sem ter que comprá-los.

Para implementar modelos de negócio como este, é preciso mudar o mindset e passar a ver produtos como serviços e potenciais ativos, assim, é possível se beneficiar muito mais do valor que ele pode oferecer. Existem três principais maneiras de transformar produtos em serviços:

Serviço orientado para produto: O produto muda de propriedade, mas vem com serviços relacionados, como manutenção e reparos.

Serviço orientado para o uso: O que é vendido é o uso do produto, não sua propriedade, o que inclui o aluguel por parte de uma empresa ou entre membros de uma mesma sociedade.

Serviço orientado para o resultado: Os fabricantes mantêm a propriedade do produto e comercializam os resultados. Um exemplo é vender documentos impressos em vez de impressoras e tinta, iluminação ao invés de lâmpadas.

A quarta revolução industrial forneceu ferramentas que alavancaram a implementação dos conceitos da economia circular como nunca, criando uma gama imensa de possibilidades de novos negócios.

*Marcelo Souza é CEO da Indústria Fox, pioneira em indústrias de reciclagem, refurbished de eletrônicos e plataformas digitais da economia circular

 

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.