Sustentabilidade sem utopia foi debate no Quem Constrói Sustentabilidade sem utopia foi debate no Quem Constrói Sustentabilidade sem utopia foi debate no Quem Constrói Sustentabilidade sem utopia foi debate no Quem Constrói
Sustentabilidade sem utopia com Lilian Araujo
A arquiteta Lilia Araujo no estúdio com as jornalistas Letícia Vieira e Luciene Araujo. Foto: Willian Girelli
Sustentabilidade sem utopia com Lilian Araujo
A arquiteta Lilia Araujo no estúdio com as jornalistas Letícia Vieira e Luciene Araujo. Foto: Willian Girelli

Sustentabilidade sem utopia. Ela existe e começa a estar presente na construção civil.  É possível um desenvolvimento viável não apenas financeiramente, mas também em relação aos cuidados necessários com o meio em que vivemos.

Desafios e soluções possíveis para uma real sustentabilidade na construção civil foram temas do Programa Quem Constrói desta quarta-feira (28/06). No quadro Papo com o Especialista,  a arquiteta Liliam Araujo deu aula no estúdio.

A conversa começou com a convidada sendo questionada se está ocorrendo, de certa forma, uma banalização do terma. “Infelizmente o tema está realmente banalizado não apenas no campo da construção civil”, afirmou a arquiteta. “Tudo virou eco, tudo virou sustentável, verde. Tem horas que eu até evito usar o nome sustentabilidade e utilizo o termo desempenho ambiental”, apontou a especialista.

“A gente cansa de ver, por exemplo, placas de obras que apontam captação de água de chuva e, por isso, são vendidas como ‘eco home’. No entanto, é muito pouco para você chamar esse empreendimento de sustentável, somente por fazer captação de água de chuva”, afirma a especialista.

Aspectos do desempenho ambiental

a arquiteta Lilian Araujo participou do Quem Constrói falando sobre boas práticas de desenvolvimento na construção civil
Liliam Araujo. Foto: Willian Girelli

Liliam explica que um bom desempenho ambiental deve ser analisado sob vários aspectos. Afinal, nada é tão absoluto e existem diversos parâmetros. “Você pode olhar sob o aspecto de localização; de consumo de água, de eficiência energética. Bem como da carga ambiental que os matérias utilizados carregam; ou mesmo a toxicidade desses matérias no contexto em que estão inseridos”, enumerou a arquiteta.

Ela citou como exemplo, a questão de ambientes internos. Assim, destacou a importância de conhecer o que está sendo empregado. “Algumas tintas, alguns vernizes liberam o que a gente chama de COV – compostos orgânicos voláteis – que muitas vezes não têm nem cheiro, mas são altamente tóxicos”, destacou. Outro exemplo dado por ela foi o das placas de MDF, que são lâminas prensadas e coladas. “Via de regra, essa cola tem em sua composição formaldeído, uma substância cancerígena”, aponta Lilia.

Ecologicamente correto x sustentável

E você sabe qual a diferença entre um material ecologicamente correto e um material sustentável? Liliam explicou que o ideal seria ter a análise de ciclo de vida daquele determinado material. “Mas isso é bastante complexo, até mesmo a academia tem muita dificuldade em mensurar isso. Não tem banco de dados para avaliar esse cilco completo, desde a extração do material até o descarte dele.”, explicou a especialista

Nesse contexto, ela ainda citou o exemplo da cortiça, extraída da casca dos sobreiros, árvore da família do carvalho. Liliam destacou que Portugal é o maior produtor de cortiça no mundo, responsável por mais de 60% do volume de todas as exportações. E a cortiça é a principal matéria-prima do linóleo, que é um tipo de piso. “Se formos falar de um material ecologicamente correto, o linóleo seria ideal. Afinal, é de origem vegetal, 100% natural e 100% reciclável. Mas usado em Portugal tem um contexto e no Brasil tem outro. Isso porque, para usar aqui, eu preciso trazer esse material de Portugal. E esse tranporte causa bastante impacto no meio ambiente”, detalha.

Então, quando se fala em sustentabilidade, alertou a arquiteta, é preciso considerar diversos parâmetros. “Tem os contextos regional, cultural, social, ambiental e econômico, que muitas vezes se sobrepõe ao demais e, assim, deixa de ser sustentàvel”. contou Liliam.

Projeto sustentável

O primeiro passo para um empreendimento que tem mesmo sustentabilidade como preocupação é a escolha do local. Ela citou que, ao longo dos anos, o próprio poder público esvaziou o Centro de Vitória, ficando no local, praticamente, somente o Palácio do Governo.

“Assim, aonde foram construídos os novos edifícios, teve-se que levar de novo toda uma nova estrutura. Rede de água, energia, pavimentação de rua, toda uma infraestrutura que no Centro já existia e agora está ficando ociosa”, disse. Portanto, acrescentou Lilia, priorizar as construções em local em que já exista uma infraestrutura pronta é fundamental. E ainda, outro ponto: observe a manutenção da permeabilidade do local.

Ao final do programa, foram tantas as perguntas que poderiam ainda ser feitas, que ficou o convite para uma série sobre sustentabilidade. O melhor de tudo, é que a proposta foi aceita pela  especialista. Logo, aguardem muita informação sobre o tema.

Interatividade

O programa Quem Constrói vai ao ar toda quarta-feira, às 15 horas, na Pan News (90,5 FM). E você pode participar enviando sugestões de pauta, perguntas ou mesmo críticas.

Basta enviar um e-mail para [email protected] ou um whatsapp no 27 999538614.

 

Ouça o programa na íntegra