No The New York Times

Lula acusa EUA de visar "impunidade" para Bolsonaro com tarifas

Em artigo no jornal The New York Times, Lula manda recado a Trump e diz que está disposto a negociar, mas que soberania não "está na mesa"

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Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Em um artigo publicado neste domingo (14) no site do jornal americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusa o governo dos Estados Unidos de tentar garantir “impunidade” para o ex-presidente Jair Bolsonaro por meio da aplicação de tarifas contra produtos brasileiros e de sanções da Lei Magnitsky.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão na última quinta-feira, 11, por tentativa de golpe de Estado.

O governo dos Estados Unidos está usando as tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou um golpe de Estado malsucedido em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas.”

Lula, em artigo no The New York Times

“Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela sua decisão histórica de quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado democrático de direito.”

Dirigindo-se diretamente ao presidente dos EUA, Donald Trump, Lula diz que o País está aberto a negociar quaisquer coisas que tragam benefícios mútuos para os países.

“Mas a democracia e a soberania brasileira não estão na mesa”, escreve Lula, repetindo que não há razões econômicas para impor tarifas contra o Brasil.

O brasileiro ainda endereça diversos pontos levantados pelas autoridades americanas na aplicação das sanções e no lançamento de uma investigação sobre práticas comerciais do País.

Lula nega que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido uma “caça às bruxas”, termo usado pelo presidente americano, Donald Trump, na carta que anunciou as tarifas de 50%.

Na quinta-feira, após o STF formar maioria para condenar Bolsonaro, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, usou o mesmo termo ao dizer que os EUA responderão adequadamente a “essa caça às bruxas”.

O presidente brasileiro lembra que as investigações sobre a tentativa de golpe no País revelaram um plano para assassinar a ele, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Lula também diz que alegações de que o Brasil teria práticas injustas no comércio digital e em serviços de pagamentos eletrônicos, por supostamente priorizar o Pix, não têm base.

“Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema digital de pagamentos brasileiro, conhecido como Pix, permitiu a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia”, diz o brasileiro.

“O governo Trump também acusou o sistema judiciário brasileiro de mirar e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, domésticas ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar a regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção das nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”, escreve o presidente, lembrando também da redução do desmatamento no seu mandato.